Nas palavras, cuja penúltima sílaba é /ô/, o plural é umas vezes em /ô/, outras em /ó/. Geralmente, o plural é em /ô/, quando no singular há a vogal "o" no masculino e no feminino. Temos, então, tolo /ô/, tola /ô/, tolos /ô/, tolas /ô/. E do mesmo modo todo e toda /ô/, todos e todas /ô/, lobo e loba /ô/, lobos e lobas /ô/, roto e rota /ô/, rotos e rotas /ô/. Sendo assim, a pronúncia aconselhável é bolsos /ô/, porque temos no singular /bôlso/ e /bôlsa/. Assim, no centro e norte de Portugal, dizem, geralmente, /bôlsos/. Como havemos de compreender o plural /bólsos/, se ninguém diz o plural /bólsas/, mas sim /bôlsas/? É natural que /bólsos/ seja um regionalismo lisboeta.
Quando os substantivos são apenas dum género no singular, o plural é umas vezes em /ô/, outras em /ó/: gota e gotas /ô/, nojo e nojos /ô/, arrojo e arrojos /ô/, canhoto e canhotos /ô/. Por isso, é preferível dizermos esgoto e esgotos /ô/. Mas temos, por outro lado, povo /ô/ e povos /ó/, estofo /ô/ e estofos /ó/, jogo /ô/ e jogos /ó/, fogo /ô/ e fogos /ó/.
Verifica-se, porém, uma tendenciazinha para o plural em ó, como notamos em palavras como as seguintes, em que, a par da hesitação que vemos nalgumas pessoas, outras há que já não hesitam: esgoto /ô/ e esgotos /ó/, gafanhoto /ô/ e gafanhotos /ó/.
Quanto a molho, não nos esqueçamos do seguinte: há duas palavras com esta grafia:
a) Molho /ô/, qualquer preparação culinária líquida ou cremosa que acompanha diversos alimentos para lhe avivar o sabor. É palavra derivada de molhar. Cautela: o plural é molhos /ô/.
b) Molho /ó/, pequeno feixe; braçado, paveia. É palavra derivada do latim manipulu(m), feixe, molho. Cautela: o plural é molhos /ó/.
Caso interessante é o de esposo /ô/. Quando nos referimos ao casal, homem e mulher casados, dizemos esposos /ó/. Quando, porém, nos referimos apenas a homens casados, dizemos esposos /ô/.