Para estudarmos convenientemente estas palavras, regressemos ao latim.
Temos nesta língua o verbo «sorbere», engulir, tragar; aspirar, absorver. Daqui proveio o nosso verbo sorver.
Com o prefixo ab-, formaram os romenos o verbo «absorbere», fazer desaparecer engolindo; engolir; absorver.
Do verbo «absorvere», derivou o também latim «absorptio», substantivo que significa acção de engolir.
Deste substantivo latino, temos nós absorção, e o inglês «absorption», absorção, amortecimento.
Pelo modelo «absorption», formou a língua inglesa «adsorption»; adsorção. Este é o aportuguesamento do inglês, já dicionarizado.
No vocábulo inglês «desorption», temos o prefixo de-, de origem latina, embora não exista sorption – pelo menos parece, porque não o encontro nos dicionários consultados. Mas admite-se, porque repousa no verbo latino «sorbere», cujo particípio passado é «sorptum».
O prefixo de- significa aqui acção contrária, afastamento, como em português, ou até mesmo procedência, como em latim. Daqui se compreende que o inglês «desorption» se empregue para significar «a libertação das moléculas absorvidas», isto é, o contrário de «adsorption», adsorção.
Ora, se em português temos ab-sorção e ad-sorção, com o prefixo de- não podemos formar desorção, porque o s teria o som de z, muito diferente do s das outras palavras da mesma família. Temos, pois, de dobrar o s: dessorção.
Também podemos imaginar não o prefixo de- mas o prefixo des-, cuja ideia, neste caso, é a de separação, afastamento, acção contrária (contrária à de adsorção). Mas parece preferìvel admitir-se o prefixo de-. Teremos, então, dessorção.
Também poderíamos admitir desadsorção, talvez de significação mais clara. A escolha, porém, não compete verdadeiramente a mim, mas a quem trabalha e é culto nessa matéria.
Gostaria de saber qual o termo preferível e porquê, o que muito agradecerei.
Fico muito agradecido pelas informações que me prestou este nosso prezado consulente. Quem se dedica ao estudo da língua do seu país não pode trabalhar convenientemente sem auxílio dos outros, porque não há estudo tão vasto como o da língua materna. Ele é inabrangível. Está em tudo, até no que não existe, porque também discorremos sobre o que não existe. É estudo que não tem fronteiras de assuntos.
Se alguma dúvida permanecer, estamos sempre ao dispor naquilo que nos for possível.