Vasco Botelho de Amaral, no seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa (Editorial Domingos Barreira, Porto, 1947), dá razão à professora do consulente:
«É vulgar ouvir-se até a pessoas cultas: “prefiro antes isto do que aquilo”. O erro explica-se, em nosso entender, porque se toma preferir como sinónimo de querer, de modo que mentalmente se estabelece respondência entre aquela frase e: «quero antes isto do que aquilo». Deve notar-se, porém, que em preferir já o afixo pre significa antes. E assim há redundância, escrevendo-se ou dizendo-se: «prefiro antes». Na verdade, prefiro = antes quero. Prefiro antes = antes quero antes, o que é pleonasmo. Advirta-se igualmente que preferir rege a. Portanto: «prefiro isto àquilo», e não: "prefiro (antes) isto do que aquilo".»
Já agora, damos conta também da opinião do gramático brasileiro Napoleão Mendes de Almeida, inclusa na obra Dicionário de Questões Vernáculas (editora Ática, São Paulo, 2001):
«Na composição latina, tinham os prefixos per e prae valor reforçativo, donde sua anteposição a verbos para indicar intensidade de ação/acção (em português: perfazer, perseguir, perdurar, perlavar) e a adjetivos/adjectivos para formar superlativos sintéticos: “perdifficilis”, “praeclarus”, “perlucidus”, “permagnus”, “perlongus”.
«Esse o motivo por que não se deve dizer "preferir mais"; a forma preferir já encerra a ideia/ideia de mais no prefixo per; o certo é "preferir uma coisa a outra" (e não: preferir uma coisa mais do que outra): prefiro o estudo ao jogo.»