O primeiro i destas duas palavras pronuncia-se e mudo, porque é da nossa própria natureza. É a pronúncia natural. A este fenómeno fonético chama-se dissimilação vocálica. O primeiro i dissimila-se do segundo, isto é, torna-se dissimilhante, diferente.
Pedindo desculpa dum deslizezito, rectifico a minha resposta anterior:
Do conjunto de palavras em que se pronunciam os ii como ii e não como e-i retiro as seguintes, porque a pronúncia varia: /felicíssimo/, /filhinho/, /estilista/.
Podem-se consultar os seguintes livros sobre o assunto: «Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa», 2ª. edição, de José Joaquim Nunes, págs. 158 - 161; «Lições de Filologia Portuguesa», 2ª. edição, de José Leite de Vasconcelos, págs. 213 - 222; «Elementos para um Tratado de Fonética Portuguesa», de Rodrigo de Sá Nogueira, págs. 134 e seguintes. Termino, transcrevendo as seguintes palavras de Augusto Moreno no seu livro «Como Falar, Como Escrever», volume I, sobre a pronúncia de militar e milímetro:
«A naturalidade e os fonetistas recomendam /melitar/ e /melímetro/, empregando-se correntemente a dissimilação, contanto que o e não se coma, dizendo /m'litar/ e /m'límetro/. A pronúncia com os ii espremidinhos é afectada e às vezes intolerável. Mas há quem goste de, com os ii nas pontinhas, fazer uma visita ao sr. Filipe no Governo Civil ou no Comando Militar.» (pág. 150).