Fluido (`o fluido´ substantivo [nome] não tem acento gráfico). Trata-se duma palavra paroxítona (grave) com o ditongo decrescente tónico ¦úi¦~[uj] (u vogal e i semivogal). Fluído (particípio passado do verbo fluir). Trata-se também duma palavra paroxítona, mas com acento tónico na vogal i, e com hiato com a vogal u, como em fluir ¦flu-ir¦. Proibido (particípio passado de verbo proibir). Quer o Grande Dicionário da Porto Editora, quer o Dicionário da Academia, 2001, indicam que a ortoépia recomenda um hiato ¦u-i¦ em proibido. O que acontece, segundo as normas em vigor, é que como i não é tónica, a diérese do ditongo ¦ui¦~[uj] não se pode fazer com acento gráfico, como, por exemplo, se faz em proíbo, e fica implícito que o leitor tem de fazer a separação em proibido, mesmo que ela não esteja assinalada. A hipercorrecção que refere (acentuar graficamente onde não é legítimo) é muito frequente na língua. No entanto, temos de aceitar que isso é o resultado de as nossas normas serem confusas na aplicação dos acentos gráficos. Neste caso, do acento no u ou no i para formar hiatos, a confusão é mesmo excessiva. A 4.ª Versão do Prontuário da Texto Editores indica, no capítulo Regras Ortográficas, Base F10, que há 3 regras para exigência de pôr acento gráfico: 1.1, 1.2 e 1.3; mas que as excepções que proíbem esse acento para Portugal são 6 (2.1 [esta ainda com 6 alíneas], 2.2, 2.3, 2.4, 2.5 e 2.6, num total, portanto, de 11 excepções...). Isto é, as excepções excedem as regras... Quem faz as leis é muitas vezes culpado de que elas não sejam cumpridas. Frequentemente, ainda, com a violência de estabelecer que não se pode alegar ignorância da lei (mesmo quando confusa ou esotérica...). Esta conclusão paradoxal deixou-me um tumultuar de ligações encefálicas, que procurei interromper, por estarem fora das minhas atribuições em Ciberdúvidas... Como, por exemplo, nas comunidades que admiramos: o respeito pela Lei (a Justiça estimada), pela Ética (a democracia verdadeiramente etocrática), pelo Exemplo (o chefe amado na antevisão, na integridade, que consegue a ressonância multiplicativa do empenhamento); e como as sociedades correm o risco de se desagregarem na confusão quando estes pilares se esboroam.
Ao seu dispor,