Se a frase fosse «A homem pobre ninguém tire...», estaria incompleta, pois exigiria que se perguntasse «Ninguém tire o quê?», esperando-se que a oração fosse completada com um qualquer complemento directo, visto, neste caso, o termo «a homem pobre» ser o complemento indirecto.
Mas a frase «A homem pobre ninguém tire...» não é equivalente a «A homem pobre ninguém roube», como passo a explicar.
1.º A frase que o consulente apresenta não está completa. Nesta frase, o verbo «tirar» exige um complemento directo expresso na oração. Não estando esse complemento directo expresso, a frase não é sentida como completa. Pelo contrário, a frase «A homem pobre ninguém roube» não exige mais nada; é sentida como completa tal como está.
2.º Isto acontece porque o verbo «tirar» não tem rigorosamente o mesmo significado do verbo «roubar». Na frase que o consulente apresenta, o verbo «tirar» tem o sentido de «privar de», «subtrair fraudulentemente» algo a alguém, enquanto no provérbio o verbo «roubar» significa «despojar», «espoliar», «esbulhar», acepções estas que o verbo «tirar» não contém.
3.º Na primeira resposta que dei a esta pergunta, explicitei que, se o provérbio estivesse construído de outra forma, com dois complementos expressos, então o verbo «roubar» estaria utilizado na simples acepção de «tirar» algo a alguém, podendo o termo «a homem pobre» ser um complemento indirecto, como, por exemplo, na frase «Ninguém roube o pão a um homem pobre», que – esta, sim – é uma frase equivalente a «Ninguém tire o pão a um homem pobre». Mas essa seria uma outra frase, que não está aqui em análise.
4.º Se pusermos a frase actual que o consulente apresenta em ordem directa, a preposição «a» (que precede o complemento indirecto) mantém-se: «Ninguém tire (algo, que tem de estar expresso) a um homem pobre.» No entanto, se pusermos o provérbio em ordem directa, a preposição “a” já não se emprega: «Ninguém roube um homem pobre.» Se, nesta frase, o termo «um homem pobre» fosse o complemento indirecto, exigiria essa preposição. O facto de ela não ser necessária mostra que se trata do complemento directo.
5.º Se substituirmos, na frase actual do consulente, o termo «a homem pobre» pelo pronome pessoal forma de complemento, esse pronome tem a forma de complemento indirecto («Ninguém lhe tire...» algo, que deveria estar expresso). No entanto, se fizermos a mesma substituição no provérbio, já o pronome pessoal assume a forma de complemento directo («o»): «Ninguém o roube.»
Quanto à substituição de “feedback” por uma palavra portuguesa, neste contexto poderá utilizar os termos «resposta», «reacção», ou mesmo «contestação» e «réplica», dado a pergunta ser feita em tom ligeiramente desafiador e incidir sobre algo já escrito, que o consulente questiona.