Grata pelo gentil epíteto. Quanto ao assunto em apreço, numa coisa estamos de acordo: a frase causa uma certa estranheza – certamente porque o seu uso não é habitual, o que me faz continuar a achar que é preferível evitar esse tipo de pontuação, como referi na minha primeira resposta. Dada a omissão das gramáticas de referência em relação a este assunto, limito-me a fazer uma interpretação. Ambos os sinais (dois-pontos e ponto de exclamação) são sinais melódicos, cabendo a cada um valor distinto, não fazendo por isso muito sentido juntá-los no mesmo momento. Se tomarmos o exemplo do ponto de interrogação e do ponto de exclamação, verificamos que cada um deles tem um valor melódico diferente, resultando, da combinação de ambos, uma nova entoação. Admito no entanto que não devamos ser rígidos a este respeito.Peço desculpa pela insistência, mas continuam a surgir-me outras formas de pontuar a frase. É pena que não tenha completado a que deu como exemplo, porque me parece que a expressão «valha-me Deus!» pode tornar toda a frase exclamativa.Arrisco completá-la, para completar o meu pensamento:«Dar-me-ás razão nos seguintes factos, valha-me Deus: ou pagas, ou vais para a prisão!» Se for pronunciada como um aparte, pode vir entre parênteses:«Dar-me-ás razão nos seguintes factos (valha-me Deus!): ou pagas, ou vais para a prisão.» E há sempre a possibilidade do travessão em vez dos dois-pontos:«Dar-me-ás razão nos seguintes factos, valha-me Deus! – ou pagas, ou vais para a prisão…»No entanto, se de facto acha que há situações incontornáveis, e se, para além disso, dispõe do exemplo tirado de uma tradução que lhe oferece toda a confiança, pois… fica ao seu critério o seu uso. Também não o considero uma aberração. E, que eu saiba, não está escrito em lado nenhum que tal não é possível.