Pergunta:
O substantivo feminino correspondência, quando se trata de correspondência postal, pode ser usado no plural? Por exemplo: «O carteiro separa as correspondências.» Não se trata aqui de um falso plural?
Resposta:
Conjugando a informação do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, com a do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verificamos que uma das aceções do substantivo correspondência se refere à troca de escritos entre pessoas (ou instituições), nomeadamente de cartas, postais ou outro tipo de documentos, através de serviço próprio. Por extensão, usa-se também para designar o conjunto das cartas, postais ou outros documentos que são expedidos ou recebidos. Neste sentido, correspondência é um nome coletivo, para o qual o Dicionário Houaiss de Sinónimos da Língua Portuguesa propõe, como possíveis equivalentes, «cartas, mensagens» (assim, no plural). De facto, este substantivo é inclusivamente listado como um nome coletivo para «cartas, telegramas, postais», na recente Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013).
Porém, a designação do coletivo não tem obrigatoriamente de ser feita de modo genérico: é possível agrupar os elementos através de traços mais específicos, como acontece quando usamos os termos «correspondência comercial» e «correspondência eletrónica», ambos registados pelo Dicionário Houaiss, diferentes de «correspondência pessoal», acrescenta-se aqui, para dar mais um exemplo. Paralelamente, no mesmo dicionário podemos encontrar a seguinte definição de correio, por metonímia: «mala na qual são transportadas diversas correspondências».
Nesta lógica, é perfeitamente aceitável que se agrupem os elementos do coletivo tendo como critérios, por exemplo, o destinatário ou o endereço, fazendo com que a «correspondência do Carlos» seja diferente da «correspondência da Dóris», e a «correspondência do 2.º C» não seja a «correspondência do 2.º B». É por isso que o carteiro deve separar as correspondências e distribu...