Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Por que a segunda pessoa do plural do presente do indicativo do verbo apiedar-se e queixar-se é apiedai-vos e queixai-vos e não apiedais-vos e queixais-vos respectivamente, como acontece com o verbo dignar-se em vós dignais-vos?

Obrigado.

Resposta:

A segunda pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos apiedar-se e queixar-se é, respectivamente, apiedais-vos e queixais-vos. As formas que apresenta (apiedai-vos e queixai-vos) são as da segunda pessoa do plural do imperativo presente.

Pergunta:

Qual a conjugação do presente do indicativo e do pretérito perfeito do indicativo dos verbos extinguir, distinguir e adquirir? Existe alguma particularidade no restante das suas conjugações ou através das regras consigo fazê-la sem complicação?

Resposta:

Presente do indicativo: extingo, extingues, extingue, extinguimos, extinguis, extinguem; distingo, distingues, distingue, distinguimos, distinguis, distinguem; adquiro, adquires, adquire, adquirimos, adquiris, adquirem.

Pretérito perfeito do indicativo: extingui, extinguiste, extinguiu, extinguimos, extinguistes, extinguiram; distingui, distinguiste, distinguiu, distinguimos, distinguistes, distinguiram; adquiri, adquiriste, adquiriu, adquirimos, adquiristes, adquiriram.

Não existem particularidades a assinalar na conjugação destes verbos.

Pergunta:

A conjugação do verbo querer no imperativo afirmativo é: quere, queira, queiramos, querei, queiram?

Resposta:

   Não, não é.
   O imperativo só tem a segunda pessoa do singular e a segunda do plural. Quando se pretende utilizar uma das outras pessoas, empregam-se as formas do presente do conjuntivo.

   O imperativo do verbo querer tem, então, apenas, as seguintes formas: quer (tu), querei (vós). No entanto, este verbo, dado o seu significado, não é normalmente usado no imperativo, restringindo-se o seu emprego a frases enfáticas e literárias, como estes dois casos:

1.
   Quer pouco: terás tudo.
   Quer nada: serás livre.
   O mesmo amor que tenham
   Por nós, quer-nos, oprime-nos.
   Ricardo Reis
2.
   Querei só o que podeis e sereis omnipotentes.
   Padre António Vieira, Sermões

   O presente do conjuntivo do verbo querer é: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram.

Pergunta:

Agradecia que me esclarecessem a seguinte dúvida. Qual das duas frases está correcta:

a) Foste tão imprudente que quase mataste a ti e a mais três pessoas.

b) Foste tão imprudente que quase te mataste, a ti e a mais três pessoas.

O pronome te deve ou não colocar-se e porquê?

Muito grata.

Resposta:

A frase que está correcta é a segunda.

Matar é um verbo transitivo directo. Exige, pois, complemento directo. Nesta frase, está conjugado reflexamente (matar-se). O complemento directo é te, a forma átona do pronome. Há aqui a utilização do complemento directo pleonástico, constituído pelo pronome átono (te) e pela sua forma tónica preposicionada (a ti), porque se pretende chamar a atenção para esse complemento directo. A forma obrigatória na construção da frase é a átona (te mataste), porque é assim que se constroem os verbos conjugados reflexamente, constituindo a forma tónica (a ti) um reforço.

O complemento directo completo é “te, a ti e a mais três pessoas”.

Pergunta:

Sempre utilizo a palavra "suso" em petições, mas recentemente um colega indagou-me sobre sua existência. Gostaria de saber se o emprego da mesma em hipóteses como as abaixo descritas é correto:

"tendo em vista o documento suso mencionado".

"em referência ao artigo suso".

O significado é retro, acima, antes?

Resposta:

Suso é preposição e advérbio antigo que significa “acima, atrás, anteriormente”. Opõe-se a juso. Também existe o adjectivo susodito, que significa “sobredito”. São termos antigos, mas que fazem parte da língua; podem ser usados.