Pergunta:
Primeiramente queria dizer que somos apaixonados pela língua portuguesa e por isso partilhamos tal momento gostoso. Parabéns!
Não encontro, em gramática nenhuma, referência à presença de preposição antes do pronome relativo quanto, por isso gostaria de saber se devo, ou não, colocar preposição se o verbo ou um nome da oração subordinada adjetiva exigir. Além disso, pelas gramáticas que eu pesquisei, só encontrei duas funções sintáticas (sujeito e objeto direto) para o relativo quanto; só existem essas duas funções sintáticas para ele?
Por favor, elucidem as duas questões! Muito agradecido mesmo!
Resposta:
Se quanto é pronome relativo, só pode ser sujeito ou complemento directo da oração que introduz. De acordo com a Gramática da Língua Portuguesa, de M.ª Helena Mira Mateus et al., e com a Nova Gramática da Língua Portuguesa, de Celso Cunha e Lindley Cintra (pág. 351), o pronome relativo quanto usa-se exclusivamente com antecedente constituído pelos pronomes indefinidos tudo e todos, que podem ser omitidos. Devido a esta característica, quanto adquire um valor indefinido.
Vejamos agora os exemplos:
1 – «Apoiaremos (todos) quantos sofrem com a crise.»
2 – «Apoiaremos (todos) quantos a crise afectou.»
Se na oração relativa ocorrer um verbo com regência, deverá substituir-se quanto pelo pronome relativo quem antecedido de uma expressão realizada pelo pronome todo ou introduzida por todo enquanto determinante (isto é, a acompanhar substantivo):
3 – «Apoiaremos todas as pessoas a quem isso aconteceu.»
É, portanto agramatical uma frase como:
4 – «Apoiaremos todas pessoas a quantas isso aconteceu.»1
Claro está que outra coisa é verificar-se a preposição prevista pela sintaxe de um verbo que ocorre na subordinante, por exemplo, numa frase como «Daremos apoio a (todos) quantos nos procurem». Neste caso, não há restrições ao uso da preposição.
1 Não confundir este comportamento com o de quanto como determinante e pronome interrogativo que introduz orações interrogativas ...