Pergunta:
Sempre ouvi dizer «pré-definições/pré-definido», em contexto informático, por exemplo, até há relativamente pouco tempo, em que passei a ver e a ouvir «predefinição/predefinido». Pesquisando a vossa página, e remetendo-me aos seguintes artigos, fica a sensação de que ambas as formas são aceites. Pensando eu que a forma «predefinido» se tratava de uma «modernice», fiquei admirado por ver a mesma constar numa edição de 1988 do Dicionário Lello Universal. A minha dúvida prende-se com a razão por que, sendo ambas as formas válidas, se está cada vez mais a adoptar a forma «pre» em detrimento da forma «pré-», visto que a segunda até é mais esclarecedora quanto ao significado da palavra.
Digamos que, para esclarecer o meu ponto de vista, esta dúvida me deixa «preocupado», e não «pré-ocupado», sendo que, neste exemplo concreto, a forma «pre» suscitaria dúvidas relativamente à interpretação do termo, ao passo que a forma «pré-» seria clara. É claro que o exemplo dado é meramente fictício, mas estou certo de que existirão termos não fictícios onde nos poderemos deparar com esta questão.
Logo, ainda que «pré-» possa retirar alguma versatilidade à língua, haveria algum problema em contrariar a tendência natural da evolução para «pre» por forma a tornar o discurso mais claro?
Segunda dúvida: com a adopção do Acordo Ortográfico, considerando a supressão do hífen em certas palavras compostas, a eliminação do H em início de palavra e a tendência para usar mais «pre» em vez de «pré-», irá «Pré-História» passar a ser escrito «preistória»?
Agradeço desde já a vossa ajuda e felicito-vos pelo extenso trabalho de pesquisa que fazem para responder a todas as nossas d...
Resposta:
1. Já temos aqui apontado as oscilações da pronúncia do prefixo pre-, as quais podem levar a articulá-lo como pré-. Sobre pre- e pré-, lê-se no Dicionário Houaiss que ambos são formas com origem no latim prae e transmitidos por via culta. Acontece, porém, que pre-, ao contrário de pré-, só ocorre em formas perfeitamente lexicalizadas, não funcionando como um prefixo disponível para a criação de novas palavras (cf. idem). Isto explica, por exemplo, que preocupado, «apreensivo, tenso» (Dicionário Houaiss) não seja exactamente o mesmo que pré-ocupado, que, não estando dicionarizado, é palavra possível em português e interpretável como «previamente ocupado».
2. A palavra pré-história mantém a grafia, mesmo com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990.