Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Quais das seguintes palavras podem ser consideradas da família de sono?

Sonolento, sonoro, soneca, ensonado, sonâmbulo, sonho, soneto e ensopado.

Resposta:

Da família de sono, temos:

Sonolento (vem do «lat[im] somnolēntus ou somnulēntus,a,um, "sonolento, adormecido", der[ivado] de sōmnus,i "sono"»)

Soneca (de «sono + -eca»)

Ensonado (de «en- + sono + -ado»)

Sonâmbulo (do fr[ancês] somnambule (1688), "pessoa que se levanta adormecida e anda, se movimenta, fala sem acordar", composto do lat[im] sōmnus,i, "sono" + -ambulus, do v[erbo] lat[ino] ambulare "andar"»)

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

O que é clareza e como conseguir tê-la?

Resposta:

Como não nos dá o contexto, posso dizer-lhe que clareza é «qualidade do que é claro»; «qualidade do que é inteligível» («a clareza de um discurso»); «limpidez, transparência» («a clareza do cristal»); «qualidade visual que permite distinguir bem os objetos» («ver com clareza»); «qualidade da voz que soa bem; bom timbre» («cantar, falar com clareza»); e «compreensão, percepção, entendimento» («ter clareza de ideias»). Como conseguir tê-la? Por exemplo, em relação ao discurso, a pessoa deve usar frases e palavras que a grande maioria dos ouvintes entenda, ou seja, frases bem construídas e palavras simples; para ver com clareza (os objectos), os olhos devem estar sem problemas (doenças); «para falar com clareza» a qualidade da voz não deve sofrer de rouquidão ou estar pouco perceptível; e a clareza de ideias tem que ver com a facilidade com que se expõe, em poucas palavras, qualquer assunto, de modo a toda a gente o entender.

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

Quando era mais novo, tinha uma alcunha. Recentemente tentei encontrar o real significado dela, mas sem sucesso. A alcunha apareceu sem qualquer motivo aparente nem ninguém se lembra do porquê.

A dita alcunha era Saralha.

Não consigo encontrar qualquer definição para tal em nenhuma das variações da nossa língua.

Será que alguém me pode indicar o seu significado?

Resposta:

As obras consultadas não registam Saralha, mas o Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões, edição das Publicações Dom Quixote, acolhe o termo saralho (Flores-Açores), com o significado de «vestido de mulher». Por sua vez, o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, editado por Livros Horizonte, regista o topónimo Saralheira, de Évora (Monte da Seralheira), e diz que «Tem aspecto de alc[unha] tornada top[ónimo]. Der[ivado] do s. m. saralho, que, nos Açores, é "vestido de mulher"?».

Pergunta:

Qual a etimologia da palavra varejo?

Resposta:

A palavra varejo é «deriv[ação] regr[essiva] de varejar». Significa «acto ou efeito de varejar; acto de sacudir os ramos das árvores com vara para fazer cair o fruto; varejadura; visita do fisco a um estabelecimento ou a uma casa; revista; descargas de metralhadora ou de artilharia; e [Brasil] venda a retalho». Em sentido figurado, é «censura áspera».

[Fonte: Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora]

Pergunta:

Qual é o significado do provérbio «não há rosa sem espinhos»?

Resposta:

A expressão «não há rosa sem espinhos» significa que «todas as situações têm um lado menos bom; não há bela sem senão; não há gosto sem desgosto». Trata-se de uma expressão muito parecida com «não há bela sem senão», publicada recentemente.

[Fonte: Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, de Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira, edição da Papiro Editora]