Ana Paula Gonçalves - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Ana Paula Gonçalves
Ana Paula Gonçalves
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Docente desde 1987; Licenciada em Ensino do Português, História e Ciências Sociais e Mestranda em Português Língua Não Materna; Experiência de sete anos de ensino de Português Língua Não Materna (PLNM) ao 1.º ciclo.

 
Textos publicados pela autora
Histórias do Mundo
Aprendizagem de Português Língua Estrangeira de nível A1
Por Ana Sousa Martins, Ana Paula Gonçalves

Com a chancela da editora Lidel, é editada mais uma obra centrada na aprendizagem de Português Língua Estrangeira de nível A1, da autoria das prfessoras Ana Sousa Martins e Ana Paula Gonçalves.

Histórias do Mundo é um livro que pretende fomentar a aprendizagem da língua portuguesa através da leitura extensiva – ou audição (o áudio das histórias está disponível no site da editora). Para tal, apresenta um conjunto de histórias adaptadas da cultura popular de vários povos, como: O gato das botas, A Branca de Neve, A Bela e o Monstro, O patinho feio, Hansel e Gretel, A história da Carochinha, entre outras. Estas histórias têm como característica apresentar frases curtas, com a ordenação normal dos seus constituintes, e deterem o vocabulário mais comum – contêm as 1000 palavras mais comuns do português. Há, contudo, um número reduzido de palavras e expressões menos comuns, que pertencem ao próprio universo de referência das histórias, mas que são explicadas através da sua definição ou pela imagem à margem da página onde ocorrem. Este pequeno dicionário é, depois, reproduzido no final do livro. No final de cada história, o aprendente pode ainda encontrar exercícios de sedimentação de conhecimento, com as respetivas soluções nas páginas finais do livro. 

Não sendo o material mais comum usado no ensino/aprendizagem de uma língua, Histórias do Mundo apresenta um modelo interessante e relevante para a compreensão da leitura que co...

Pergunta:

Gostava de saber o que são verbos paradigmáticos e qual a melhor forma de eles serem ensinados aos alunos.

Obrigada.

Resposta:

O paradigma de conjugação dos verbos consiste nas terminações que usamos sempre que conjugamos um verbo. Essas terminações seguem um modelo – por exemplo, cantar, comer e partir, respetivamente, para a 1.ª, 2.ª e 3.ª conjugações, no caso dos verbos regulares – e correspondem aos tempos, pessoas e modos.

Quando falamos de verbos em contexto escolar, reportamo-nos logo para situações de exploração do conhecimento explícito da língua. Contudo, não nos podemos esquecer que as crianças, quando entram no 1.º Ciclo, já vêm com um grande conhecimento intuitivo das estruturas gramaticais, pelo que o que se pretende é que estas capacidades sejam estimuladas: «A realização de exercícios com vista à estimulação do desenvolvimento linguístico contribui para o desenvolvimento da consciência linguística, o que, por sua vez, poderá conduzir ao conhecimento explícito, entendido como a consciencialização e a sistematização do conhecimento da língua, com vista à sua utilização adequada nos modos oral e escrito.» (Gonçalves e Guerreiro e Freitas, 2011)

Ao longo do 1.º Ciclo, os alunos vão sendo estimulados para a aprendizagem dos verbos, percorrendo a seguinte trajetória:

1 – Identificar verbos;
2 – Identificar as três conjugações verbais;
3 – Conjugar os verbos regulares e os verbos irregulares mais frequentes (por exemplo, dizer, estar, fazer, ir, poder, querer, ser, ter, vir) no presente do indicativo.
4 – Conjugar verbos regulares e verbos irregulares muito frequentes no indicativo (pretérito perfeito, pretérito imperfeito e futuro) e no imperativo.

Segundo Inês Duarte (...

Pergunta:

Tenho dúvida em relação a que tipo de escrita uma criança a partir dos 6 anos entende. Será que ela entende o que é o hífen e consegue ler textos com hifens? Além disso que tipo de coisas se deve evitar na escrita para crianças e que tipo de coisas são essenciais saber quando se escreve para crianças a partir dos 6 anos?

Resposta:

Tipo de escrita para crianças a partir dos 6 anos

Os textos direcionados para crianças dos 6 anos deverão «beneficiar [a] experiência e [o] conhecimento que o leitor tem sobre a vida e sobre o Mundo e também [a] riqueza lexical que o leitor possui»*. As crianças começam a desenvolver a aprendizagem da leitura e da escrita por volta dos 6 anos. Nesta fase, as crianças ainda se encontram a decifrar o código escrito para posteriormente estarem mais disponíveis para compreender mensagens simples e breves. Desta forma, os textos deverão incluir vocabulário do quotidiano, embora seja importante introduzir gradualmente um vocabulário mais específico, pois é na leitura que as crianças irão ampliar o seu leque vocabular. É fundamental que os textos escritos para os mais pequenos sejam de extensão reduzida e com baixa frequência de construções frásicas complexas.

Uso do hífen

O hífen é um sinal de ligação que une elementos de palavras, separa sílabas na translineação e liga elementos de verbos pronominais. Este sinal encontra-se presente quer nos textos escritos com que as crianças mais jovens contactam quando começam a desenvolver a aquisição da leitura, quer ainda nos seus registos escritos, como por exemplo separando as sílabas em palavras ou fazendo a translineação das palavras em frases/textos, pelo que o seu uso é abordado com alguma naturalidade.

* Inês Sim-Sim, Ensino da Leitura: a Compreensão de Textos, Lisboa, Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, 2007, p.8.