A ministra uruguaia da Educação e da Cultura, Maria Simón, anunciou que a partir de 2010 o seu país terá o ensino do português como segundo idioma nas escolas públicas. O anúncio foi feito na 12.ª Conferência Ibero-Americana de Ministros da Cultura, que se realiza nesta quarta-feira em Portugal.
«Neste ano [o ensino do português] começa nos centros de línguas, que são locais onde as pessoas podem aprender idiomas estrangeiros de graça. No próximo ano [lectivo] vamos começar nas escolas públicas», afirmou. Além do português, os centros de línguas já ensinam o inglês e o francês, e alguns também têm aulas de alemão e italiano.
Segundo a ministra, a introdução do português no currículo escolar deverá ser gradual.
«Vamos começar pela fronteira, onde é mais fácil, porque existe o bilinguismo. Há casos de crianças cuja língua materna é o português. Muitos na região da fronteira falam uma espécie de dialecto, o portunhol, que vemos não como algo negativo, mas como uma possibilidade de ampliar os conhecimentos para as duas línguas.»
Ela acredita que em cinco anos todos os estudantes uruguaios estarão aprendendo o português e em onze o idioma será de conhecimento generalizado.
«Acho que estarão todos falando português em mais seis anos, quando terminarem o ensino fundamental. Para nós, o ensino do português é o cumprimento de uma das nossas obrigações com o Mercosul e esperamos que os outros também cumpram.»
Verbas
Algumas escolas poderão adiantar o processo, começando antes do que está previsto.
«Na nova legislação, reservamos uma verba para cada escola – por meio dos Conselhos de Participação, em que participam os pais e a comunidade – decidir o que fazer. Podem decidir fazer uma reforma no estabelecimento ou ensinar uma língua estrangeira, como o russo, no caso de uma colectividade em que grande parte da população seja de origem russa.»
Simón considera que a ampliação do ensino de línguas vai ser uma forma de diminuir o abismo social no país.
«Até agora, apenas as escolas privadas ofereciam o ensino de línguas, o que gerava uma diferença de oportunidades. Sou professora titular da Universidade de Engenharia, e muitos dos livros são em inglês. Nós oferecemos um curso gratuito de inglês técnico na faculdade, optativo, mas isso não é a mesma coisa.»
Professores
Para as aulas de português, a ministra não prevê a contratação de professores brasileiros, mas a formação dos uruguaios.
«Até agora temos intercâmbio com Portugal, que nos ofereceu os cursos de formação e livros.»
Os cursos também poderão ser dados com a ajuda de computadores – no Uruguai, cada criança que está na escola tem a partir deste ano um computador.
«O professor poderá actuar como mediador. Ele pode não ter a pronúncia perfeita, mas pode ajudar a corrigir quando as crianças repetirem as palavras do programa de computador de ensino do português.»
BBC Brasil, 22 de Abri de 2009