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"Uma ofensa à história do Algarve"

O ex-secretário de Estado do Turismo de António Guterres, Vítor Neto, alertou hoje para o perigo de o recém-lançado programa "Allgarve" ganhar «uma dinâmica de uma nova marca, que substitua a marca Algarve», que levou anos a afirmar.

«Seria perigoso se este "Allgarve" tendesse a ganhar a dinâmica de uma nova marca, com a substituição da marca Algarve», disse Vítor Neto à agência Lusa.

Em causa está a apresentação do programa de valorização turística algarvio que integra a nova marca Allgarve e que prevê um investimento de três milhões de euros em promoção e animação, que Macário Correia considera ser uma "ofensa" à história da região.

Vítor Neto, que actualmente preside à Associação dos Empresários da Região do Algarve (NERA), ressalvou que a realização de um grande conjunto de eventos no Algarve — que classificou como «extremamente positiva e de louvar» — sob o signo de "Allgarve" «pode ser discutível, mas não tem nada de mal se se ficar por aí».

Contudo, sublinhou, a palavra "Allgarve" pode criar uma dinâmica própria como marca, o que tornará a decisão «tecnicamente incorrecta, complicando a notoriedade da marca Algarve».

«Ninguém controla as palavras e assim que elas ganham força num "outdoor" ou num cartaz, caminham por conta própria, as palavras têm dinâmicas próprias», avisou, recordando que o conhecimento do nome da região «não é assim tão grande como às vezes se pensa», pelo que se
poderá instalar a confusão nos mercados.

«Tudo o que altere marcas pode confundir e prejudicar o trabalho de anos», frisou Vítor Neto, também militante socialista da concelhia de Loulé, que foi secretário de Estado do Turismo durante seis anos, de 1997 a 2002.

Por seu turno, o também socialista José Apolinário, presidenteda Câmara de Faro, prefere concentrar-se nos benefícios do programa "Allgarve" para a região, e concretamente para o concelho de Faro.

O programa «vai trazer este ano a Faro uma exposição de fotografia de quatro dos melhores fotógrafos do Mundo, uma exposição de arte contemporânea e a cantata Carmina Burana», enfatizou, em declarações à Lusa.

«O que eu gostava era que os eleitos ou dirigentes do PSD que criticaram o uso da palavra 'Allgarve' da forma que o fizeram [Mendes Bota, Macário Correia e Elidérico Viegas], se são a favor ou contra este conjunto de eventos», desafiou.

Reconhecendo que a mensagem promocional do Turismo algarvio deveria «estar centrada na palavra Algarve», sublinhou que a polémica recém-criada «está a desfocar a discussão» dos benefícios do programa para o Turismo da região.

«Isto é uma campanha de "marketing", não é uma alteração de nome», afirmou, considerando "ridículas" algumas reacções ao programa "Allgarve".

Entretanto, de autarcas "Com Faro no Coração", liderado pelo antecessor de José Apolinário à frente da Câmara da capital algarvia, o independente José Vitorino, exigiu a demissão do ministro da Economia e a apresentação de um pedido formal de desculpas aos algarvios por parte de José Sócrates.

Exigindo que a decisão de promover o programa "Allgarve" seja anulado, o grupo liderado por José Vitorino invoca o direito à indignação e ameaça «recorrer à revolta popular» caso não seja feita marcha-atrás.

No fim-de-semana, o programa "Allgarve" foi contestado pelo líder do PSD/Algarve, Mendes Bota, pelo presidente da Junta Metropolitana do Algarve (AMAL), Macário Correia, e pelo presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas.

À semelhança de José Vitorino, Macário Correia chegou a pedir ademissão do ministro da Economia, Manuel Pinho.

"Correio da Manhã", de 18-03-2007

"Público", de 17-03-2007

"Expresso", de 16-03-2007

"TSF", 19-03-2007

"All… garve"?! *

9 milhões para o Algarve se chamar… "All… Garve"

Fonte notícia da agência de notícias Lusa, datada de 19 de Março de 2007
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa