Celebrou-se em 12 de Novembro de 2012 o centenário do nascimento de Vasco Botelho de Amaral, que se destacou no estudo e na investigação da Língua e da Literatura portuguesas.
Publicado o seu primeiro Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa em 1937, desde logo foi reconhecido e apreciado por especialistas portugueses e brasileiros da época, como Agostinho de Campos, Aquilino Ribeiro, Hernâni Cidade, Paiva Boléo, Rebelo Gonçalves, Afrânio Peixoto, Antenor Nascentes, Pinheiro Domingues ou Sá Nunes.
Vasco Botelho de Amaral prosseguiu o seu labor na defesa e na expansão da Língua e da Cultura portuguesas através de vasto número de obras publicadas, de uma colaboração regular em jornais e revistas, da participação em congressos, conferências e seminários no estrangeiro, e sobretudo em palestras transmitidas durante cerca de 30 anos aos microfones do Rádio Clube Português e ainda no Programa Português da BBC de Londres.
O modo original e vivo de expor conhecimentos e ideias tornou-o muito conhecido no país e no estrangeiro, encontrando excepcional adesão de um público diversificado, especialmente o dos ouvintes das palestras no Rádio Clube Português (RCP).
É de assinalar a seriedade e a fundamentação das opiniões de Vasco Botelho de Amaral, ainda que pudessem suscitar polémica algumas das interpretações filológicas e sociais das suas obras. Ele próprio reconhece as suas ideias como "revolucionárias", firmadas por "processos iconoclastas na pregação por uma Filologia mais humana, liberta de idolatrias que amesquinham a Língua."
Por sua iniciativa foi criada, em 1949, a Sociedade de Língua Portuguesa, instituição mais tarde reconhecida como de Utilidade Pública, na sequência de proposta aos microfones do RCP.
Fundou e dirigiu o Centro Internacional de Línguas em Lisboa, o qual foi o primeiro instituto em Portugal para o ensino prático de idiomas. Era Fellow do Institute of Linguists London e membro da Fédération Polyglotte, sediada na Bélgica.
O Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, primeiro publicado em fascículos e com duas reimpressões em 1958, depressa se esgotou, devido ao rigor e à explicação acessível das complexidades da Língua portuguesa.
Há muito se impunha uma reedição, particularmente em tempo de transformações tão rápidas e acentuadas do idioma português. Assim se organizou uma reedição para este ano do centenário do seu nascimento, obedecendo a um princípio de fidelidade ao discurso do Autor e excluindo apenas trechos desactualizados dispensáveis, ou limando o discurso que projecta em demasia o tom de oralidade das palestras. O trabalho de coordenação foi de António Botelho de Amaral e de Margarida Botelho de Amaral Freire.
N.E. - A reedição da obra em referência teve uma tiragem muito limitada; ainda assim, as bibliotecas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Centro Cultural de Belém disponibilizam cada uma um exemplar. Entretanto, a família do autor está a envidar esforços para lançar uma outra edição no mercado livreiro. Assinale-se que, entre as obras emblemáticas de Vasco Botelho de Amaral, é também de salientar Subtilezas, Máculas e Dificuldades da Língua Portuguesa.
[Manteve-se a a antiga ortografia do original.]