Não foi tão mau como no ano passado, mas praticamente dois em cada três alunos do 9.º ano [do Ensino Secundário, em Portugal] tiveram negativa no exame nacional de Matemática. A Língua Portuguesa os resultados voltaram a ser melhores - a percentagem de notas inferiores a 3 foi de 46 por cento. Só que, comparando com 2005, constata-se que os resultados na prova caíram e muito, com a percentagem de negativas a duplicar.
Os resultados dos exames nacionais do 9.º ano foram afixados ontem nas escolas e a análise à distribuição das notas feita pelo Júri Nacional de Exames (JNE) divulgada. E se em 2005, ano de estreia das provas, apenas 23 por cento dos estudantes tinham tido menos de 3 valores no teste de Língua Portuguesa, desta vez, a percentagem de negativas subiu para o dobro (46 por cento).
Ainda assim, quase 50 mil das 92 mil provas realizadas foram classificadas positivamente. Entre estas, apenas 921 receberam a classificação máxima - 5 valores, o que corresponde a uma nota entre os 90 e os 100 por cento.
Originalmente, cada exame é corrigido e classificado numa escala de 0 a 100 por cento, que é depois convertida, segundo uma tabela de equivalências definida pela tutela, em níveis de 1 a 5.
E como a nota nos exames não é o único - nem o mais importante - factor a ter em conta na classificação com que se termina o 3.º ciclo do ensino básico (vale 30 por cento), o panorama da percentagem de alunos que acabam por chumbar à disciplina acaba por não ser tão negativo: a Língua Portuguesa aconteceu com apenas 13 por cento dos alunos internos do 9.º ano (que frequentaram a disciplina o ano inteiro).
O valor representa uma subida face aos 11 por cento de chumbos registados em 2005. Que poderá ser explicado pelo pior desempenho dos estudantes, mas também pelo facto de o exame nacional ter passado a contar 30 e não 25 por cento para a nota final.
Doze mil alunos tiveram 1 a Matemática
Na apreciação dos resultados, o Júri Nacional de Exames informa ainda que a média dos níveis (de 1 a 5) atribuídos aos alunos que prestaram provas foi de 2,6 a Língua Portuguesa (em 2005 tinha sido 3). E que a Matemática a média subiu ligeiramente de 2,2 para 2,4 valores (ver gráficos).
Uma análise mais pormenorizada revela que 64 por cento dos alunos do 9.º ano tiveram negativa no exame desta última disciplina, contra 71 por cento em 2005. Mas esta melhoria não se traduziu em menos negativas à disciplina, precisamente pelo facto de o exame contar mais este ano.
Assim, se em 2005 um em cada quatro alunos tinha acabado o ano lectivo chumbado a Matemática, desta vez aconteceu com um em cada três.
Praticamente 12 mil, num total de 92 217 estudantes, não foram além de 1 valor no exame, ou seja, obtiveram entre 0 a 19 por cento. A grande maioria - 47 mil alunos - teve 2 (entre 20 e 49 por cento no teste) e apenas 1844 conseguiram a classificação máxima.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, congratulou-se com a "melhoria" dos resultados no exame nacional de Matemática do 9.º ano. "Apraz-me registar a melhoria na Matemática, uma vez que as negativas baixaram em seis pontos [percentuais]. Esperamos que este seja o primeiro sinal de uma subida progressiva", afirmou.
Planos de recuperação
Sem poder tirar conclusões desde já, a tutela espera que a introdução, este ano, dos planos de recuperação obrigatórios para os alunos que, no final do 1.º período, demonstrassem grandes fragilidades tenha tido já alguma influência nesta evolução. No próximo ano lectivo será a vez de as escolas dos 2.º e 3.º ciclos porem em prática os seus planos de acção para a melhoria dos resultados a Matemática, para os quais devem contar com o apoio do Ministério da Educação.
Outro dado confirmado pelo JNE é que, na maioria dos casos, a nota interna é superior à do exame. No caso da Língua Portuguesa, a média de todos os níveis de exame atribuídos foi de 2,6. A média das avaliações nas escolas foi de 3,2.
Já a Matemática a média de todas as classificação dadas aos alunos que fizeram a prova na 1.ª chamada (a 2.ª serviu apenas situações excepcionais) foi de 2,4. A nível interno, sobe para 3,01.
Em 2003/2004, 13 por cento dos alunos ficaram retidos no 9.º ano. Por terem tido menos de 3 nas disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática ou negativa a três cadeiras.