A língua portuguesa vai dispor, a partir do segundo semestre do próximo ano, de um portal — Lingu@e — que visa pensar a língua em termos práticos, como disse hoje Rui Machete.
O presidente da Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento (FLAD) falava em Lisboa, no âmbito do protocolo hoje assinado entre esta fundação, o Instituto Camões (IC) e o Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, que tornará possível colocar o portal na Internet.
Actualmente, o portal «em fase bastante embrionária», como disse Rui Vaz, do IC, está ligado ao site do IC — http://www.instituto-camoes.pt.
A presidente do IC, Simonetta Luz Afonso, disse à Lusa que «em finais de Maio, princípios do segundo semestre, o portal entrará em funcionamento pleno».
A responsável salientou que o português, sendo falado «por apenas 10 milhões de pessoas na Europa, é falado por 230 milhões no mundo», sendo a terceira língua europeia mais falada internacionalmente.
Este portal visa debater o português no âmbito da problemática do multilinguismo europeu e «como a língua portuguesa e outras línguas comunitárias globais podem ser instrumento de projecção das relações exteriores da União Europeia», explicou Simonetta Luz Afonso.
Paulo de Almeida Sande, do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, referiu a propósito que esta assembleia parlamentar «é um exemplo de como conciliar 23 línguas oficiais diferentes».
Almeida Sande afirmou que o portal permitirá "registar" grande parte do debate que se faz a propósito do multilinguismo.
«Será um instrumento não só de diálogo como um repositório de documentos produzidos pelos vários debates que se têm feito sobre o multilinguismo», disse Sande.
O portal terá sete temas de debate, cada um com um coordenador específico.
Basílio Horta, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, coordenará o tema «Língua e comércio externo», e o escritor Vasco Graça Moura coordenará o tema «Língua e pensamento».
Outros coordenadores são Rui Machete, para «Língua e governação», a linguista Edite Estrela, para «Novas políticas de ensino», Rui Marques, alto-comissário para a Imigração e para o Diálogo Intercultural, para «Língua, identidade e inclusão», e Ronald Grätz, director do Instituto Alemão em Lisboa, para «Indústrias da língua e intercomunicação».
O portal, que «terá um domínio próprio na Internet» e não dependerá do sítio do IC, como disse Rui Vaz, integra-se no Ano Europeu da Diversidade Cultural, que é celebrado no próximo ano.
Rui Machete sublinhou «o significado importante» deste portal, que permite «pensar a língua em termos práticos».
«Pensar a língua não apenas como a de [Luís] Camões ou [Fernando] Pessoa, mas como instrumento vital na divulgação das identidades nacionais, instrumento político e económico», afirmou.
Por outro lado, o portal dará à língua portuguesa o estatuto correspondente ao seu número de falantes no mundo.
in Agência Lusa, de 3 de Dezembro de 2007