Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, falecido em Luanda, vítima de covid-19, no dia 31703/2021, era natural de Catete (Icolo e Bengo), província angolana da Lunda, onde passou a sua infância.
Fez os seus estudos primários e secundários em Luanda e aos 17 anos foi para Portugal, de onde saiu com 21 anos por motivos políticos, indo para França, Alemanha, onde fez estudos de Sociologia, Antropologia, além de Filosofia, Economia e Estatística na Universidade de Frankfurt. Nesse período também viajou por toda a Europa.
«E então, esse regresso – se é que é regresso – às culturas africanas, o desejo de as conhecer bem, de articular de uma maneira elaborada aquilo, que eram coisas que eu tinha visto na minha infância – coisas em que algumas pessoas da minha família mesmo haviam participado, e, parcialmente, até eu... –, isso me levou a uma outra coisa: foi, em certo momento, aceitar que uma pessoa é como é e não, por vergonha ou outra razão, o que poderia ou deveria ser»
in Michel Laban. Angola. Encontro com Escritores. Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 1991, II vol. p. 529.
Em 1971 aderiu ao MPLA, regressando a Angola integrado nas suas fileiras, dando aulas na Frente Leste. Em 1972, vítima de doença vai tratar-se na Europa, onde volta a estudar, iniciando uma tese de doutoramento em Etnologia sobre “As realezas sagradas”. Em 1975, na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, regressou a Angola. Foi professor no ISCED, no Lubango, e adido cultural na Argélia.
Poeta, é considerado como integrante da geração dos anos 70. Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos, com colaboração dispersa em vários jornais e revistas angolanas, portuguesas e outras.
Entre outras obras, publicou em vida Angola, Angolê, Angolema (1976), Nzoji (1979), Rio. Estórias de Regresso (1985) e Fiapos de Sonho (1992).
A mulher, Maria Alexandre Dáskalos, falecera há duas semanas.
Dados retirados do portal da União dos Escritores Angolanos.