«Que seria do homem sem as palavras?», pergunta o médico e cientista italiano Lamberto Maffei, no seu mais recente livro, Elogio da Palavra. Publicado pelas Edições 70, este ensaio é o terceiro da sua autoria publicado nos últimos anos, com a palavra elogio no título.
Depois de Elogio da Lentidão e Elogio da Rebeldia, Elogio da Palavra transporta-nos ao complexo mundo dos centros da linguagem da palavra existentes no cérebro humano.
Obra breve e escrita de forma acessível, numa época em que a palavra tem perdido importância em relação à imagem, o autor salienta o tempo que a palavra necessita para a sua apreensão. Nota como as palavras são «memória» e «narrativa» e como «o milagre da evolução gerou as palavras para que o homem possa narrar, para que, na sucessão das gerações não se perca o património das experiências vividas».
A linguagem é assim entendida por Lamberto Maffei como uma «epifania revolucionária que caracteriza o funcionamento cerebral do homem».
Numa análise baseada no conhecimento da neurociência e na cultura das sociedades modernas, o Elogio da Palavra, dividido em oito capítulos, aborda o tema da linguagem no mundo contemporâneo, explicando que são as palavras que ensinam a ver e que «quem tem mais palavras, vê mais».
Inspirando-se também na literatura para desenvolver o seu ensaio, cruza referências de autores como Emily Dickinson, Walter Benjamin ou Michel Montaigne, entre outros. E, logo na introdução, cita a obra Mil e Uma Noites numa história em que a palavra salva a vida de uma jovem de rara beleza.
Como bem nota no prefácio o linguista transalpino Luca Serianni, é o elogio ao humanismo nos tempos que correm que aqui nos dá a ler Lamberto Maffei, que foi durante longo tempo diretor do Instituto de Neurociências do Conselho Nacional de Investigação italiano e professor na Escola Normal Superior de Pisa.
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