Um prezado correspondente chamou a nossa atenção para o emprego indevido - por um notório político português - da palavra inglesa «sponsor», em vez das portuguesas patrocínio, patrocinar, patrocinador.
O nome do político é secundário, porque nem nós vimos o programa televisivo onde isso aconteceu, nem o nosso correspondente nos pôde transmitir o contexto exacto em que a afirmação foi feita, e - mais importante - porque não é falha de um só responsável mas de um número crescente de políticos, gestores, economistas e comunicadores - incluindo escritores - que, pela maneira como falam e escrevem, de lusófonos apenas parecem ter o nome.
É determinante o contexto em que a afirmação se faz.
Num contexto internacional, em que o inglês funciona como segunda língua, está bem o «sponsor» (patrocinador, patrocinar) e «sponsorship» (patrocínio).
Numa televisão portuguesa, num jornal português, numa reunião entre portugueses, contudo, não é por cosmopolitismo, por cidadania do mundo e muito menos por falta de palavras da nossa língua que se utilizam estrangeirismos como estes.
É por provincianismo.
Podemos distinguir duas espécies, que, por vezes, se confundem: o provincianismo dos pretensiosos (o «snob») e o provincianismo dos «cínicos» (o utilitarista).
O utilitarista, na minha opinião, é o mais perigoso. Funciona - como se dizia quando o francês era a língua «bem» em Portugal - para «épater le bourgeois», «para inglês ver», para «esmagar» o potencial cliente a quem o candidato a fornecedor apresenta uma proposta com as últimas novidades lá de fora.
Devemos estar atentos a todas as novidades. Mas, para que nos não deixemos enganar, convém que as apreciemos na nossa língua.