A linguística distingue entre predicadores dinâmicos e predicadores não dinâmicos, isto é, predicadores que relatam situações em que algo se faz, e predicadores estativos, predicadores que referem situações que perduram no tempo sem que alguma coisa tenha de ser feita. Contrariamente aos predicadores dinâmicos, os estados perduram indefinidamente até que algo aconteça. Se uma pessoa for inteligente, se é verdade que a Terra é redonda, essa pessoa nada precisará de fazer para que continue a ser inteligente, nem a Terra terá de fazer algo para se manter redonda. No entanto, para que deixe de o ser, algo terá de suceder.
Os predicadores dinâmicos, porém, carecem de uma força motriz que alimente esse fazer de qualquer coisa. Se é verdade que eu dancei toda a noite, eu tive de manter uma dinâmica para continuar a dançar durante toda a noite. Sem essa dinâmica, paro de dançar. É desta dinâmica que os predicadores estativos não necessitam: tudo permanece até que algo aconteça. Ser e fazer não são, pois, sinónimos.
Assim, esta sinalética está mal concebida: os fumadores poderão sempre frequentar os locais sinalizados, mas não poderão fumar. A coima máxima de 750 € não se aplica aos fumadores, estejam tranquilos: aplica-se só às pessoas que fumem naquele local, sejam ou não fumadoras. Os fumadores são bem-vindos, desde que não fumem. O sinal deveria, pois, dizer simplesmente – PROIBIDO FUMAR, como aliás se encontra por toda a Europa (rauchen verboten, no smoking, défense de fumer, vietato fumare, prohibido fumar, etc.).
Tranquilizem-se os senhores fumadores: fazer e ser não são sinónimos.