Os jornalistas da televisão e da rádio insistem em abrir o o quando pronunciam a palavra euro. Esta pronúncia também parece ser a preferida pelos políticos, economistas e outros licenciados que intervêm nos audiovisuais. Porquê? Talvez porque o o de euro-, enquanto elemento de composição de palavras, se costuma abrir levemente. Por exemplo: /eu-rò-cra-ta/.
O nome da nova moeda não é, contudo, um elemento de composição, um prefixo... É uma palavra. E, no português da Europa, nas palavras terminadas em o, este o só não é fechado quando tem acento agudo. Por exemplo: /li-vru/ (livro), /dê-du/ (dedo), /mi-lhu/ (milho), /êi-tu/ (eito). Portanto: /êu-ru/ (euro).
Idêntica pronúncia, aliás, creio predominar no português do Brasil.
Em Portugal, entre os indivíduos menos instruídos, afigura-se-me existir tendência para pronunciar euro com o o fechado. Numa amostra minúscula de dezanove cidadãos portugueses sem frequência universitária, no distrito de Lisboa, apenas um empregado de café respondeu à minha pergunta («Qual é a nova moeda da Europa?») pronunciando euro com o aberto.
Mais importante do que inquéritos sem rigor científico, todavia, é a forma como o engenheiro Euro Vaz da Silva pronuncia o seu nome de baptismo. Trata-se de cidadão brasileiro, residente em Aveiro. Segundo a jornalista do "Público" Maria João Guimarães, que entrevistou o Senhor Euro, ele nunca hesitou: euro, para ele, é com o fechado.
E não esqueçamos o substantivo euro (vento sueste) - /êu-ru/ -, que chegou ao português antigo pelo latim "euru-".
O /eu-rò/ não tem pés para andar. Nem pela via popular nem pela erudita. A menos que queiramos pronunciar a palavra à grega, à francesa ou à inglesa.