Chumbos, reprovações, retenções ou exclusões são fruta da época.
Em rigor, são os alunos (ou todos aqueles que se submetem a uma avaliação) que são chumbados, reprovados, retidos ou excluídos. São eles sujeitos passivos de um agente mais ou menos implacável que os chumba, reprova, retém ou exclui.
Chumbar, reprovar, reter ou excluir são, em termos gramaticais, verbos transitivos directos, quer dizer, verbos que pedem complemento directo (neste caso, o complemento directo é aquele que é alvo da avaliação, ou seja, o aluno); por isso, quando o aluno surge como sujeito da frase, terá de se usar a voz passiva.
Mas a língua evolui, é um facto, e com o tempo os dicionários vão tomando nota das mudanças que se vão fazendo sentir entre os falantes, quer a nível semântico quer sintáctico.
É assim que os dicionários mais recentes (Academia das Ciências de Lisboa, Porto Editora) já registam os verbos chumbar (termo de gíria, naturalmente) e reprovar como intransitivos, legitimando, pois, construções como «ele chumbou» e «ele reprovou», já consagradas pelo uso, a par de «foi chumbado», «foi reprovado». Assim sendo, aceitemo-las e sigamos em frente, não estamos aqui para atrasar o progresso.
Mas agora tenham lá paciência, acabou-se a condescendência, é inaceitável que se diga «o aluno excluiu» em vez de «o aluno foi excluído». O aluno não exclui nada nem ninguém (neste contexto), quando muito exclui-se a ele próprio.
Vá lá, vá lá, que eu saiba, ainda ninguém se lembrou de dizer «O aluno reteve», mas por vezes a falta de bom senso é tão grande, que já esperamos ouvir de tudo por parte dos falantes desta por vezes tão mal falada Língua Portuguesa.