«Que é que hoje aprendestes? Lembras-te?», ouviu-se à jornalista da RTP-11, autora de um peça sobre o autismo, em diálogo com uma menina afectada pela doença.
O que a jornalista devia ter dito era «O que é que tu hoje aprendeste?», sem s a terminar a forma verbal, e não esse erro, frequente na linguagem oral, em que os falantes fazem analogia com a 2.ª pessoa do singular da generalidade dos tempos verbais.
A 2.ª pessoa do singular, essa, sim, termina em s. Por exemplo, no presente, quer do indicativo quer do conjuntivo (tu aprendes, que tu aprendas), no pretérito imperfeito, quer do indicativo quer do conjuntivo (tu aprendias, que tu aprendesses), do futuro (tu aprenderás), do condicional (tu aprenderias).
Porém, no pretérito perfeito do indicativo, a 2.ª pessoa do singular nunca termina em s: tu falaste, tu disseste, tu partiste, tu puseste.
1 in Telejornal, RTP-1, de 19 de Fevereiro de 2007