Liberdade de expressão dos jornalistas não pode ser coartada Recomendações do director de informação da RTP aos jornalistas da empresa sobre a participação em redes sociais estão a suscitar apreensão no sector. Em causa está o facto de tais recomendações ameaçarem invadir a esfera privada dos jornalistas e pôr em causa a sua liberdade de expressão. 28 de Novembro de 2009
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A questão de fundo tem pano para mangas. Resumidamente (uma vez que este não é o seu local próprio):
1) O director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, emitiu um conjunto de recomendações editoriais aos jornalistas da televisão pública portuguesa envolvidos na chamada blogosfera.
2) Há quem concorde — lembrando, muito oportunamente, que os preceitos éticos e deontológicos dos jornalistas (tal como os dos médicos ou os dos magistrados) não se confinam, apenas, ao respectivo horário e espaço de trabalho — e quem, pelo contrário, veja nessas recomendações uma fantasmagórica ameaça à liberdade de expressão dos jornalistas da RTP e uma intromissão na sua esfera privada.
Como se ilustra em cima, é esta a maximalista posição do Sindicato dos Jornalistas portugueses. Não havia necessidade era de retirar o c ao coarctada1. Só se vigorasse já, em Portugal, o Acordo Ortográfico2.
1 Particípio passado feminino do verbo coarctar [do latim coarctāre, «apertar»].
2 Segundo o Acordo Ortográfico, no Brasil (onde ele já entrou em vigor), coarctada mantém a grafia original, uma vez que este c interior se pronuncia na variante brasileira. O contrário passar-se-á em Portugal... quando o acordo de 1990 entrar oficialmente em vigor. Ainda por cima, a página na Internet do Sindicato dos Jornalistas continua a guiar-se pela norma de 1945. Vide, por exemplo, as grafias de director, sector, facto e Novembro neste comunicado.
P. S. – Posteriormente a este escrito, o Sindicato dos Jornalistas portugueses corrigiu o lapso. Só lhe fica bem.