Visto – e ouvido – do lado de cá do Atlântico, via GNT (o canal da TV Globo na TV Cabo portuguesa), a cobertura televisiva do acto de posse do novo Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, foi um regalo. Um regalo do ponto vista da cobertura em si, onde nada falhou, nas imagens de todo o cerimonial festivo entre a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Planalto, em Brasília, neste 1.º de Janeiro de 2003. Foram mais de três horas num ritmo e numa diversidade que nem por elas se deu.
Mas, acima de tudo, foi um regalo ter-se visto – e ouvido – tão bem tratada esta nossa língua comum por quem, como nenhuns outros falantes, lhe sabe dar asas na inventiva sem o abastardamento de outras latitudes. A começar no belo discurso de Lula, bem escrito e ainda melhor dito, a contrastar ainda mais com o "politiquês" instalado em Portugal. Já para não aludir a essa outra diferença do bem-falar (com a propriedade e a contenção adequadas, nas vozes e no tom perfeitos...) dos repórteres, locutores e comentadores brasileiros. Até deu para atenuar o esquecimento de Lula a qualquer referência à lusofonia e a essa pátria de oito povos que é a língua portuguesa...