Um verbo muito usado, desde os romanos aos recentíssimos casos Snowden e das chamadas telefónicas de Angela Merkl escutadas pela CIA, nesta crónica do autor no jornal i de 17 de julho de 2014.
O imaginário do século xx legou-nos os mais variados tipos de espiões. De Mata Hari a James Bond, a escolha é infindável. Hoje, os espiões são um Sr. Carvalho, que em confissão pública estragou a sua carreira mas foi recompensado com um lugar num ministério, ou um Sr. Snowden, que vive exilado em Moscovo após ter renegado a actividade que exerceu durante anos.
A profissão sofreu inegável "drowngrading" e perdeu todo o "charme". Esta semana soube-se que vinte espiões alemães receberam 25 mil euros por passarem 200 documentos para a CIA. Traíram a pátria por uma média de 125 miseráveis euros por documento.
Foi também notícia que Merkel não gostou de saber que as suas chamadas telefónicas eram escutadas nos Estados Unidos (algumas na própria Casa Branca). Expulsou o chefe dos espiões americanos na Alemanha. Amigo não espia amigo desde o tempo de Sun Tzu, lembrou Merkel a Obama. Este prometeu rever o assunto, o que evidentemente não fará, e enviou John Kerry a Pequim para reclamar "respeito mútuo" aos chineses e proclamar que a ciberespionagem é coisa feia.
Assim sendo, espiar é um bom verbo desde que o sujeito seja "eu" ou "nós". Tem o mesmo significado de espionar: observar secreta e disfarçadamente, sem que ninguém dê por isto. Espiar entrou na língua portuguesa pela mão do italiano. "Espionar" foi importado de França. Na origem dos dois estão os romanos, grandes conhecedores da arte da guerra. Quase tão bons como SunTzu, o autor do grande clássico sobre o assunto.