No Telejornal da RTP1 de 25 de Janeiro, o redactor de serviço utilizou o verbo despoletar para dizer precisamente o contrário do que pretendia. Despoletar um escândalo (na circunstância, os casos de pedofilia na Madeira) significa desactivá-lo, anulá-lo. Espoleta é o disparador; é o dispositivo que produz a detonação de explosivos e projécteis. Portanto, se retirarmos este dispositivo (se despoletarmos o sistema), já não há explosão. Frequente nos meios jornalístico e político, este erro pode ter sido «despoletado» (diga-se: causado, originado, provocado, motivado, determinado, gerado) pela confusão entre espoleta e cavilha. Sem espoleta, a granada de mão não explode. Mas, se tiver espoleta e puxarmos a cavilha, pum! Clara de Sousa, quando lhe derem para leitura notícias sem espoleta, deite-as fora. Não são explosivas.