Suceder, sucessão e sucessores nos seus diversos sentidos e contextos históricos, a pretexto da alteração na liderança de um partido político português, o Bloco de Esquerda. Texto publicado na revista 2 do jornal “Público” de 26/08/2012, na coluna da autora, “Passagem de Direitos e Obrigações”.
«Acto ou efeito de suceder» e «situação em que uma pessoa fica investida num direito ou numa obrigação que antes pertencia a outra pessoa», dizem os dicionários. Falam no singular porque não registaram ainda a «solução do século XXI» proposta por Francisco Louçã para a sucessão de si próprio no Bloco de Esquerda (BE). Aí, teriam de substituir a expressão«uma pessoa» por «duas pessoas». Os nomes escolhidos pelo coordenador daquele partido são o médico João Semedo e a actriz Catarina Martins.
A ideia provocou uma «sucessão» de reacções no BE. Ou seja, uma «série de coisas ou acontecimentos que se seguem ou se sucedem em determinada ordem». Para Ana Drago, «há outros modelos de direcção» e «todas as possibilidades estão ainda em aberto». Para Daniel Oliveira, «a solução bicéfala (ou tricéfala, se a ela acrescentarmos a liderança parlamentar, que obviamente ganha outra relevância na ausência de um coordenador único) gera confusão, descoordenação e enfraquece o partido». A alada UDP «considera que uma solução colegial com vários porta-vozes seria uma melhor opção».
«Sucessor» significa «aquele que tem a mesma dignidade ou os mesmos predicados que outrem teve». Na História, houve várias «guerras de sucessão», casos de Espanha, Áustria e Polónia. Na Matemática, uma «sucessão oscilante ou indeterminada» quer dizer «aquela que não tem limite finito nem infinito”» O «sucessor de São Pedro» é o «Sumo Pontífice da Igreja Católica». O de Louçã ficará a conhecer-se em Setembro.
in revista 2 do jornal “Público” de 26 de agosto de 2012, na coluna da autora, “Passagem de Direitos e Obrigações”, sob o título “Sucessão”. Respeitou-se a norma anterior ao Acordo Ortográfico, seguida pelo jornal português.