Sobre o talian ou vêneto brasileiro - Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Sobre o talian ou vêneto brasileiro
Sobre o talian ou vêneto brasileiro

Mais de 200 línguas e dialetos são falados no Brasil, para além do português. Três dezenas delas têm origem em diversas comunidades imigrantes. É o caso do talian ou vêneto brasileiro, falado por meio milhão de pessoas – abordado neste texto do autor, publicado originariamente no jornal “i” do dia 18/09/2014.

 

No Seminário Ibero-Americano da Diversidade Linguística, que decorrerá no Paraná, em Novembro, as línguas asurini, guarani mbya e talian serão oficialmente incluídas no Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) do Brasil. O Inventário identifica, documenta e promove as línguas referenciais dos diferentes grupos sociais e linguísticos brasileiros.

Além do português, há no Brasil várias centenas de línguas. Três dezenas delas têm sido preservadas por comunidades de imigrantes. O talian, ou o vêneto brasileiro, é falado por meio milhão de  pessoas.

O talian foi levado por emigrantes do Vêneto e da Lombardia para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina (a Serra Gaúcha, no Sul do país) no século XIX, quando o italiano ainda não era língua oficial e o uso do vêneto, do lombardo, do trentino e do friulano constituíam um reflexo do mosaico político-cultural da Itália setentrional. Ao longo dos anos, o talian ganhou o estatuto de veículo de comunicação comum a todas as comunidades brasileiras originárias do Norte de Itália.

O talian tem pouco a ver com o o dialecto que a Rede Globo criou para identificar nas suas telenovelas os ítalo-descendentes. Estes imitam de maneira vaga as características linguísticas das comunidades italianas de S. Paulo, onde sempre houve um contacto diário com os falantes do português. No Sul, os contactos foram mais escassos, o que acabou por preservar o vêneto, que será finalmente reconhecido como membro de pleno direito naquele generoso universo cultural moldado pelos portugueses.

 

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Fonte

texto publicado na coluna do autor "Pontos nos ii", no jornal i, de 18 de setembro de 2014, com o título "Talian". Manteve-se a grafia anterior ao Acordo Ortográfico seguida pelo jornal.

Sobre o autor

Jornalista português nascido no Brasil, é licenciado em Filologia Românica (Faculdade de Letras de Lisboa) onde lecionou Introdução aos Estudos Linguísticos, Sintaxe e Semântica do Português. Foi diretor de Informação das agências noticiosas Anop e NP, chefiou os serviços de comunicação das fundações Gulbenkian e Luso-Americana para o Desenvolvimento. Foi chefe de Informação (PIO) das missões de paz das Nações Unidas em Angola, Timor-Leste, Kosovo e Burundi. Foi diretor-geral da Leya em Angola.