Em expressão de multiplicação o gênero é obedecido. Da mesma forma com que se expressa "uma vez um" deve-se dizer "duas vezes dois", "catorze é duas vezes sete", "vinte é duas vezes dez".
O resultado da multiplicação "duas vezes dois" traz o verbo no plural: "duas vezes dois são quatro", "duas vezes dois fazem quatro", procedimento que se observa também na soma: dois e dois são quatro, dois e dois fazem quatro.
Devemos todavia verificar o comportamento do português em outras expressões consagradas: Quanto é duas vezes dois? - Quanto é dois mais dois? - Quanto faz um quinto mais três meios? Cinco mais sete quanto faz? Faz doze - Quanto é quinze vezes nove? - Quanto é mil e um menos cento e um? (O vulgo diz canté - Domingos Vieira).
Vê-se dos exemplos que o singular é influenciado por quanto, como se estivesse por "que quantidade é?": Duas vezes dois que quantidade é? - Mil e oito com três que quantidade dá?
É curioso observar que tais expressões são também fixas em outros idiomas e, ao mesmo tempo, nem sempre iguais às nossas; enquanto dizemos "dez nonos mais um terço são treze nonos" o italiano traduz o "são" por "é uguale a". Outras vezes tem as mesmas variações nossas: "Cinque più sette quanto fa? Fa dodici - Quanto fa un quinto più tre metà?"
Já o inglês deixa usualmente no singular o verbo: "Four times four is sixteen (Webster) - Four times five makes twenty (Otto Jesperson)".
in "Dicionário de Questões Vernáculas", de Napoleão Mendes de Almeida