Caro Eduardo Prado Coelho, esclareça-me, por favor. Onde podemos encontrar «esse amplo movimento de opinião a manifestar-se contra a terminologia [TLEBS]»? Refere-se aos opinadores de cátedra fixa nos média, auto-autoridades sobre todos os assuntos sobre que discorrem? Contei uma meia-dúzia. Ah!, e o Ricardo Araújo Pereira, que parece que também tem qualquer coisa a dizer. Nenhuma destas pessoas alguma vez produziu fosse o que fosse sobre gramática (tradicional ou de qualquer outro modelo), pelo que suponho que não seja um dos temas em que estejam mais à vontade. Aliás notou-se: referiram coisas inexistentes na TLEBS e quando falaram de gramática tradicional, saiu-lhes o tiro pela culatra. Quem são os "linguistas de prestígio" que estão contra? Quem são os "linguistas puros e duros, de enorme insensibilidade em relação à literatura e aos problemas pedagógicos"? Esta terminologia foi feita por linguistas e 15 000 professores de Português e foi publicamente defendida pelos presidentes quer da APL quer da APP. Se estas associações não são importantes, quem é importante para falar da gramática do Português e do seu ensino? Os opinadores, que não estão minimamente dentro do assunto? A minoritária parte dos professores que não conhece esta terminologia porque nunca a quis conhecer?
Os presidentes da APL e APP destacaram o que é importante: é preciso uniformizar a terminologia de ensino da gramática do Português: não é concebível que cada aluno receba uma terminologia diferente consoante o professor e não é concebível que os próprios professores não tenham uma terminologia de referência. É isto que interessa. Não estamos a falar do ensino de literatura (é outro assunto), não da beleza dos termos. "Esternocleidomastóideos", há-os em todas as terminologias, e com toda a propriedade.
Há incoerências na TLEBS? Há vocabulário pouco acessível para os professores? Apontem-se esses problemas. Mas com honestidade, não com arrogância e ignorância.
Carta publicada no jornal Público de 28 de Novembro de 2006. Esta carta reporta-se ao texto que Eduardo do Prado Coelho publicou no mesmo jornal a 24 de Novembro de 2006.