Li, no ”Público” de 06-Out.-2006, um artigo com o título GramáTICª.pt, da autoria de Filomena Viegas, a qual se dizia responsável pelo acompanhamento em linha da TLEBS, artigo que me deixou perplexa.
Tanto quanto julgo saber, a TLEBS pretende adicionar à gramática da frase a gramática do texto, com atenção especial, entre outros requisitos, à coesão e coerência internas do conteúdo, requisitos de modo nenhum respeitados no artigo a que me refiro. A autora, que se diz docente da Língua Portuguesa há 32 anos, não consegue garantir, no seu texto, os objectivos perseguidos pela TLEBS, os quais se pretendem impor aos alunos dos Ensinos Básico e Secundário, aos professores que não se encontram preparados para o efeito (os únicos que o estariam são os actuais estudantes do ensino universitário, que – pobres deles! – não vão conseguir colocação).
Voltando ao dito artigo, a TLEBS não é uma gramática é («nome feio, é certo») uma "Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário", como nos é dito no primeiro parágrafo; o conteúdo do quarto parágrafo é pura e simplesmente desconexo, logo, incompreensível; no quinto parágrafo, a autora diz «que se trata de um documento de referência, um instrumento de trabalho para professores.»; no sexto e último parágrafo, conclui com: «Termos que os professores, no terreno, têm referido como necessários e adequados para os ensinos básico e secundário». Em que ficamos? A Portaria 1488/2004 afirma, segundo a autora, que esta terminologia se destina aos ensinos básico e secundário, tal como é reafirmado no primeiro parágrafo; a autora recomenda-a só para professores e, no fim do artigo, chama os professores a testemunhar a adequação da dita para aqueles níveis de ensino (todos os itálicos são nossos). Que professores? Os que tenho ouvido falam de impreparação, de desadequação, de depressão, de sofrimento...
Este artigo não é coerente nem coeso: diz e desdiz. Não garante o rigor.
Numa minha recente pesquisa do mercado sobre manuais, pude verificar que a dita TLEBS consta já, tintim por tintim, dos considerados actuais e esse é o drama dos alunos, dos pais e dos professores.
Carta publicada no jornal "Público" do dia 13 de Outubro de 2006.