Acabo de ler o artigo de Helena Matos intitulado “O Monstro” o artigo versa a denominada TLEBS cujo nome passei a conhecer, pois já me tinha confrontado com tamanha aberração ao tentar ajudar o meu filho, de 12 anos, no estudo da língua portuguesa sem lhe conhecer a denominação. Face ao meu frequente insucesso nesse intento, fiquei agora a conhecer melhor a sua causa.
Gostaria apenas de subscrever inteiramente o que Helena Matos afirma. Creio que a sua análise é muita correcta porquanto revela bem como Portugal estabelece prioridades e investe em domínios cuja mais valia para os cidadãos é provavelmente nula. Porquê mudar coisas simples para coisas complicadas e até incompreensíveis. Porquê desviar o objecto do ensino da língua dessa mesma língua e focalizá-lo nos aspectos de nomenclatura ou de terminologia? Sinceramente, tenho dificuldade em compreender os reais propósitos de tais alterações.
Exercendo actualmente funções nos serviços da Comissão Europeia e apesar de utilizar pouco o Português no meu dia a dia de trabalho, compreendo bem a importância das línguas na comunicação oral e escrita. Infelizmente, e agora um pouco mais à distância, observo frequentemente erros – que eu certamente também cometo – no uso do Português falado e escrito, nomeadamente na imprensa que leio e na televisão que vejo e escuto. O programa televisivo do Diogo Infante que sigo regularmente na RTP Internacional disso nos dá conta. “Precaridade” em vez de precariedade; “perca” em vez de perda (como substantivo ou agora?), “ter morto” em vez de “ter matado”, “perú” em vez de peru, ONU pronunciada “ÓNU” em vez de “ONU”, etc. Exemplos como estes e como muitos dos que Nuno Infante nos apresenta revelam que se desconhecem as regras elementares da língua portuguesa, talvez porque tenham deixado de se ensinar. Diogo Infante, se ler esta carta, por favor esclareça tudo no seu programa.
Termino associando-me aos votos de Helena Matos. Que a tal TLEBS repouse em local onde não faça danos aos jovens portugueses que deverão poder falar e escrever bem várias línguas europeias e quiçá asiáticas, a par de conhecerem bem a sua língua materna.
"in Público" do dia 16 de Novembro de 2006.