Vivi em Angola até 1955 e quem faz a língua é o povo... Sempre ouvi (rádio) e vi escrito em todas as publicações angolanas (jornais, revistas, livros, etc.) imbondeiro, tal como Ana Paula Almeida (cf. Embondeiro, in Respostas Anteriores). Autóctones e não autóctones, todos escreviam e diziam imbondeiro.
A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e a Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura - Verbo, por exemplo, admitem Imbondeiro (a primeira nem admite outra ortografia e até cita Aquilino Ribeiro, numa passagem sobre os Cuanhamas).
Mas há ainda outras referências: a Moderna Enciclopédia Universal, edição do Círculo de Leitores, (baobá, Adansonia digitata, L.), na entrada Embondeiro, também admite Imbondeiro. O Dicionário Geral e Analógico da Língua Portuguesa, de Artur Bívar, por seu lado, regista Imbondeiro. Etc., etc.
Podia continuar aqui a citar fontes, sem parar, mas perguntemos ao escritor Pepetela como é que se diz lá em Luanda, ou em Benguela, a cidade das acácias rubras, ou no Lobito, a cidade da Restinga.
Pepetela "A Geração da Utopia", Publicações Dom Quixote, página 195: "...Até mesmo Ximbulo, o único que parecia não o considerar maluco, o advertiu, aqui no alto do morro mangueira não dá. Nem imbondeiro."
Repare-se: imbondeiro...Toda a gente diz imbondeiro, em Angola.
Mas se se invoca o argumento dos linguistas, vamos às origens. E consultemos o Dicionário Português-Umbundu, de Grégoire Le Guennec e José Francisco Valente (este último colaborador da Secção de Línguas Bantas da Divisão de Etnologia e Etnografia do Instituto de Investigação Científica de Angola), Luanda, 1972, ed. Instituto de Investigação Científica de Angola, página 323: Imbondeiro: "Árvore africana de grande porte, ukwa".
É esta a única grafia que se encontra neste dicionário.
Por conseguinte, cara Ana Paula Almeida, temos todas as razões para continuara escrever e a pronunciar Imbondeiro e não Embondeiro, que soa tão mal...
Com o devido respeito, deixemos os puristas em paz e sossego e continuemos a chamar Imbondeiro àquela árvore que, só quem a viu é que a respeita e venera.
É o elefante do reino vegetal... Há até curiosas lendas árabes acerca dela.