O Público de 13/10/2006 publicou uma carta de Maria Pires com uma reacção um pouco azeda ao meu artigo GramáTICª.pt. Não venho interpelar a carta sobre a crítica principal que nela é desenvolvida: a falta de coerência e de coesão do artigo que escrevi. Lamento que a autora da carta tenha feito uma leitura opaca do meu texto. Vou aqui corrigir três erros de interpretação do que escrevi:
1. Está escrito na carta que a «TLEBS não é uma gramática (“nome feio, é certo”)». Ora, não foi isso que eu escrevi. Se o tivesse feito, era o termo gramática que estava a ser caracterizado como nome feio. O que escrevi foi «TLEBS, nome feio, é certo, mas dita a gramática que isto de siglas é assim».
2. Cito da carta: «a autora (…) não consegue garantir, no seu texto, os objectivos perseguidos pela TLEBS, os quais se pretendem impor aos alunos dos ensinos básico e secundário…» Ora, eu não disse em sítio nenhum do texto que a TLEBS perseguia objectivos que se pretendem impor aos alunos dos ensinos básico e secundário. Disse, isso sim, que a TLEBS «não é uma nova gramática, nem uma listagem definitiva e arrumada de conteúdos a transmitir aos alunos». Na verdade, dado que a autora da carta aceita a minha afirmação de que a TLEBS é um «documento de referência, um instrumento de trabalho para os professores», então não pode concluir que esse documento é para transmitir tal e qual aos alunos, sem que tenha havido uma transposição didáctica, de acordo com os programas em vigor. Talvez, por isso, julgue erradamente que a TLEBS «pretende adicionar à gramática da frase a gramática do texto». A gramática do texto já está contemplada nos programas. A TLEBS apenas indica os termos adequados para o seu tratamento.
3. No final da carta lê-se: «a autora (…) chama os professores a testemunhar a adequação da dita para aqueles níveis de ensino (…). Que professores?» Ora, eu não chamei ninguém a testemunhar, escrevi, isso sim, «que os professores, no terreno, têm referido os termos da TLEBS como necessários e adequados para os ensinos básico e secundário.» Refiro-me aos professores que já participaram na experiência-piloto e aos que estão a fazer a experimentação da TLEBS. Há professores no terreno que trabalham sobre o funcionamento da língua e estudam, experimentam e discutem sobre a TLEBS, apoiados nos programas, no currículo nacional e nos documentos orientadores. Aqui fica o convite para se juntar a nós na comunidade de aprendizagem em linha que estamos a construir na página da Internet do GramáTICª.pt.
Carta saída no jornal Público do dia 16 de Outubro de 2006