Vamos ver se consigo dar mais umas achegas para dar razão a quem reclama da aplicação do TLEBS. É que não li ainda ninguém falar de uma coisa: e como se resolve o problema da aprendizagem das línguas estrangeiras? E que os Franceses e os Ingleses têm o bom senso de não usar essa terminologia? Os Ingleses usam countable e uncountable, mas não têm uma língua redundante como a nossa, em que as marcas do género, número, tempo, etc. aparecem a todo o momento. Fui Professora de inglês durante 40 anos e sei bem como o simples desuso do nosso condicional condiciona os alunos nos actos de fala. Infelizmente, como ninguém reclamou, hoje não se usa o condicional e os alunos não fazem a mínima ideia da razão por que, nos actos de fala, para indicar um desejo, não podem dizer «I liked to see that film» em vez de «I’d like to see that film».
A nossa Língua é das coisas mais ricas que temos (aliás, é característico dos países pobres terem línguas ricas…) mas, por este andar, com os bués, as cenas, e os fixes, em breve nem língua teremos. Gostaria que se volte a usar o condicional! Que, em TLEBS, se chama «modo do futuro do perfeito»… Ouvi dizer ao meu neto mais velho. E, como vêem, já estamos mais pobres: perdemos, mesmo só na terminologia, um modo. O condicional é um modo, como o indicativo, o conjuntivo, etc.
Agora aposentada, não posso deixar de pensar nas confusões que vão surgir com a nomenclatura na passagem do discurso directo para o indirecto ou na construção da voz passiva nas línguas estrangeiras mais comuns nos nossos currículos. Para não falar de outros aspectos. É que, diga-se o que se disser, nós temos uma gramática inscrita na mente.
Caros linguistas, continuem a estudar, dêem o nome que quiserem às coisas junto dos vossos alunos universitários e deixem os outros usar a terminologia comum. Há pessoas que não se contentam em saber: quer que toda gente saiba que eles sabem. Pronto, sabem, e depois?
"Público" do dia 7 de Dezembro de 2006.