Em mais de uma resposta, alguns membros do Ciberdúvidas defenderam que se deve dizer «o Opus Dei», ou seja, que se deve considerar masculino o nome desta instituição. Ora, e com a devida vénia, esse juízo é manifestamente incorrecto, pelo que peço ao Ciberdúvidas que volte a pronunciar-se sobre o assunto.
O argumento usado pelos defensores de que Opus Dei seria masculino é o facto, indiscutível, de opus ser neutro em latim, sendo certo que o neutro latino passa para português como masculino. Aliás, é por essa razão que, evidentemente, em português deverá dizer-se «o opus magnum» para aludir à principal obra de um autor.
Contudo, Opus Dei é feminino. E porquê? Porque os nomes próprios (de instituições) não seguem o género dos nomes próprios ou comuns que os componham. Ou seja, opus e Jerónimo são, em português, masculinos.
Contudo, diz-se «a Opus Dei» e, para nos referirmos à empresa, «a Jerónimo Martins». Tal como sempre se disse «o União de Leiria», embora recentemente tenha surgido um deplorável fenómeno de hipercorrecção a este respeito que aponta em sentido contrário.
Os nomes próprios de empresas, fundações, associações, clubes de futebol, etc., não têm o género dos substantivos que eventualmente os componham.
Têm, pelo contrário, o género de um substantivo comum que identifica o tipo de instituição em causa e que se tem considerado "implicitamente" presente junto ao nome próprio. Diz-se «a Jerónimo Martins» como quem diz «a empresa Jerónimo Martins". O Jerónimo Martins era o seu dono. Diz-se «o União de Leiria» como quem diz «o clube União de Leiria». Diz-se «a Opus Dei» como quem diz «a congregação Opus Dei» ou «a instituição Opus Dei».
Logo, este uso está certo e não devia ter sido censurado pelo Ciberdúvidas: «o opus magnum», mas «a Opus Dei».
Agradeço mais um contributo do Ciberdúvidas (e não "das Ciberdúvidas"...), no seu mais do que meritório serviço à língua Portuguesa.