Como respondi em duas respostas anteriores ("25% dos alunos ficou em casa"), para casos análogos, sobejamente conhecidos, a "Sintaxe Histórica Portuguesa", de A. Epifânio da Silva Dias, diz que se pode (e não que se deve!) usar o verbo no plural.
Se não, veja-se o que ele escreve na pág. 30, §17, a): "Quando o sujeito é palavra substantiva de significação partitiva (e quem diz "palavra" diz "locução", julgo eu) o predicado pode (o negro é meu) concordar com a determinação positiva, clara ou subentendida, como se fosse o sujeito." Ora, pode é diferente de deve! É apenas uma tolerância, uma concessão.
Também a "Nova Gramática do Português Contemporâneo", de Celso Cunha e Lindley Cintra, traz redacção semelhante, na pág. 496, nos casos particulares da concordância verbal: Quando "o sujeito é constituído por uma expressão partitiva (como: parte de, uma porção de, o resto de, metade de e equivalentes) e um substantivo ou pronome plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural". Depois de exemplificarem, os autores apresentam uma preciosa observação: "A cada uma destas possibilidades corresponde um novo matiz da expressão.
Deixamos o verbo no singular quando queremos destacar o conjunto como uma unidade.
Levamos o verbo ao plural para evidenciarmos os vários elementos que compõem o todo".