Cantar em que a língua fala - Antologia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Cantar em que a língua fala


Cantei nos Cantares de Amigo,
cantando, a Pátria nasceu;
Portugal floriu comigo
quando a poesia cresceu.

Ai flores, ai flores dos Cancioneiros,
oh graça e sorriso dos poemas primeiros!

Ondas do mar me embalaram,
tanto andei a navegar,
que nos meus ritmos ficaram
íris e longes do mar.

Lusíadas, doce trombeta canora
Que Deus abençoa, que Vénus enflora!

Fui, da praia do Ocidente,
correr o mundo, e cresci:
na Terra inteira flori,
sou verbo de toda a gente.

Ó terras do mundo aonde canto em flor,
cantai minha glória, dizei meu amor!

Fonte
in Revista de Filologia Portuguesa, S. Paulo, ano II, n.º 18, pp. 102-103

Sobre o autor

Afonso Lopes Vieira (1878-1946) nasceu em Leiria. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Esteve ligado à Renascença Portuguesa, sendo um dos principais representantes do Neogarrettismo. Algumas das Obras publicadas: Para quê? (1897), O Meu Adeus (1900), O Encoberto (1905), Canções do Vento e do Sol (1911), Arte Portuguesa (1916), Ilhas de Bruma (1917), Onde a Terra Acaba e o Mar Começa (1940), etc.