Antologia // Portugal Grammatica rudimentar Aquelle Manuel do RegoÉ rapaz de tanto tinoQue em lirio põe sempre y grego,E em lyra põe i latino!E como a gente diz ceiaEscreve sempre ceiar;Assim como de passeiaTira o verbo passeiar!Nunca diz senão peiorNão só por ser mais bonito,Mas porque achou num auctorQue deriva de sanskrito.Escreve razão com s,E escreve Brasil com z:Assim elle nos quizesseDizer a razão porquê!Também como diz — eu soubeJulga que eu poude é correct... João de Deus · 11 de maio de 2011 · 3K
Antologia // Portugal A Palavra Mágica Nunca o Silvestre tinha tido uma pega com ninguém. Se às vezes guerreava, com palavras azedas para cá e para lá, era apenas com os fundos da própria consciência. Viúvo, sem filhos, dono de umas leiras herdadas, o que mais parecia inquietá-lo era a maneira de alijar bem depressa o dinheiro das rendas. Semeava tão facilmente as economias, que ninguém via naquilo um sintoma de pena ou de justiça — mesmo da velha —, mas apenas um desejo urgente de comodidade. Dar aliviava. (...) Vergílio Ferreira · 19 de abril de 2011 · 10K
Antologia // Portugal À Língua Portuguesa Língua cuja suave melodia,Cuja enchente fecunda de expressões,Clara te faz entre as viventes línguas, Mais que tôdas ilustre:Se aquele que imitando o Cisne ArgivoTanto as latinas musas ilustrou ,Que as fez voar eternas pelo mundo, Vencidas quási as gregas;Que as armas e o varão pio cantando,Que o caro pai, que os caros seus PenatesSalvou por entre as c... Francisco Dias Gomes · 5 de janeiro de 2011 · 3K
Antologia // Portugal Ditosa língua nossa* Poema, inserto na obra do autor, O Lima (Carta IV – a D. João de Castelo Branco), a seguir transcrita da antologia Paladinos da Linguagem, organizada por Agostinho de Campos. Diogo Bernardes · 6 de dezembro de 2010 · 3K
Antologia // Portugal A língua portuguesa como língua viva A língua portuguesa, como língua viva, sempre se vai enriquecendo; e já é tão abundante e opulenta, que em todas as matérias tem ricos termos. Era antigamente a língua portuguesa tão pobre, como foram todas as mais línguas nos seus princípios. Só nas folhas de alguns livros históricos ou predicativos saía singelamente à luz; mas com as obras de muitos autores teve sucessivamente tão preciosos ornatos, que não tem que envejar ás mais elegantes línguas da Europa o seu luzimento… Rafael Bluteau · 7 de novembro de 2010 · 7K
Antologia // Portugal Complexos Um poema retirado de A matéria do Poema, A matéria do Poema, do poeta português Nuno Júdice, num tom informal e leve, sobre a responsabilidade e os complexos de ser poeta de «a maior língua do mundo»,««a língua do Camões, a língua do Pessoa…», a língua de «duzentos milhões». Nuno Júdice · 27 de setembro de 2010 · 4K
Antologia // Portugal A Língua Portuguesa […] Recordo, com profundo respeito, a evolução, a ascensão gloriosa desta língua em que palpita e resplandece a própria alma da Latinidade. Com que ternura a vejo surgir da fala galega – primeira fonte, simples veio de água cristalina –, brincar nos versos arcaicos de D. Dinis, tão primitiva como a falariam, se a sua pedra pudesse animar-se, os reis e os apóstolos do pórtico da Glória, de Santiago! Com que desvanecimento a sinto, já corrente murmurante, tomar vulto na prosa inda bárbara de Fe... Júlio Dantas · 6 de abril de 2010 · 2K
Antologia // Portugal Terra natal E cá mesmo no extremo OcidentalDuma Europa em farrapos, euQuero ser europeu. Quero ser europeuNum canto qualquer de Portugal.Como as ondas do mar sabem ao sal,A ave amacia o ninho que teceu;Mas não será do mar, e nem do céu,Porque me quero assim tão natural.E se a esperança ainda me consenteNo sonho do futuro, ao mal presenteSe digo adeus, — é adeus até um dia…Um presídio será, mas é meu berço!Nem noutra língua escreveria um versoQue me soubesse ao sal desta harmonia. Afonso Duarte · 8 de março de 2010 · 6K
Antologia // Portugal A Pêro Andrade de Caminha Teu nome, Andrade1, de qu'é bem qu'esperem O de que se já sempres espantaram Quantos te vem, quantos depois vierem: Teu raro esprito, de que se honraram As Musas, que de si tanto te deram 2, E que tarde outro como a ti darão: Os bons escritos teus, que mereceram Ou ouro, ou cedro, pois já nessa idade Nos mostras neles , quanto em ti quiseram As Musas renovar a antiguidade, Em teu amor aceso me levaram (...) António Ferreira · 23 de fevereiro de 2010 · 3K
Antologia // Portugal Diálogo em louvor da nossa linguagem Em detrimento do latim Extrato do livro O diálogo em louvor da nossa linguagem de João de Barros (2.ª edição, feita em 1785 pelos monges da Cartucha de Évora), no qual , no diálgo entre pai e filho, subjaz a defesa do português como língua materna, e não o até então dominante latim nas elites políticas e religiosas. João de Barros · 9 de fevereiro de 2010 · 5K