Nesta crónica do Professor Ferrão, Edno Pimentel aborda o uso em Angola da forma incorreta "contribuente" para indicar aqueles que pagam as contribuições e os impostos.
Por enquanto não é necessário, ou pelo menos ainda não ouvi que aquele cartão fosse indispensável para esta fase do processo de acesso à polícia. Como foi dada uma pausa, o melhor é que os jovens se informem e aproveitem para reunir a ‘papelada’ toda, como cópia do BI, certificado de habilitações, lembrando que os candidatos devem ter no mínimo a 8.ª classe concluída e no máximo 26 anos e precisam de apresentar um atestado médico, o registo criminal e número da conta bancária.
Há outros requisitos, dos quais importa referir, como a conduta ilibada como condição sine qua non para garantir alguma confiança, ou seja, quem, por alguma razão, já se envolveu em alguma… coisa ou situação condenável, como roubo, violação ou outros actos criminosos, será simplesmente recusado.
«Mas será que os que cometem não merecem a oportunidade de emprego?», questionou um jovem que se quis candidatar, mas que tem o cadastro manchado: atropelara mortalmente uma senhora que vendia bombó com jinguba na zona do ‘Balumuka’ e ficou na cadeia por dois anos. «Aquilo foi um acidente, não era minha intenção. Assim também sou criminoso?», defendia-se.
A polícia saberá com certeza avaliar cada caso. Por enquanto, reúnam os documentos para não perderem esta oportunidade. «Ainda não tenho cartão de contribuente. Vou aproveitar tratá-lo já», disse o rapaz. «Não é necessário», respondeu um amigo que já tinha em mãos tudo preparado. «Ouvi pela rádio e não pediram nenhum cartão de…» «Mas vou tratar mesmo assim», interrompeu o outro.
Por mais que ele ande e sue, duvido que consiga, em alguma repartição fiscal, tratar tal documento "cartão de contribuente". O que ele pode eventualmente tratar é um cartão de contribuinte, por intermédio do qual se pagam as contribuições e os impostos.
A palavra correcta é contribuinte, derivada de contribuir + inte. A outra – contribuente –, por sua vez, não existe. Informem-se e tratem correctamente dos documentos exigidos, pois, de outro modo, podem perder tempo e dinheiro.
In jornal Nova Gazeta, de Luanda, publicado em 20 de junho de 2013 na coluna do autor, Professor Ferrão. Manteve-se a grafia anterior ao Acordo Ortográfico, seguida ainda em Angola.