Metade do país florestal consumindo-se nas chamas de mais um Verão só não igual aos anteriores porque, desta vez, nem casas de zonas urbanizadas escaparam a esta cadeia infernal de tudo se repetir sempre para pior, e a notícia da apresentação de Luís Figo no Inter de Milão até passaria despercebida. Mas como Figo até justifica maior relevância do que as trepidantes férias do desaparecido primeiro-ministro algures num safari africanista, houve mesmo aberturas com ele nos telejornais de sábado. Tanto nos da tarde como depois à noite - não faltando, claro, as entrevistas "em exclusivo" e imberbes "enviadas especiais" a tão extraordinário acontecimento para o futuro próximo dos portugueses e de Portugal. E Figo – descartado de Espanha, mas fazendo valer o seu conhecido desapego para com essas minudências sentimentais do amor à camisola, quanto mais do amor à língua pátria – falando na sua primeira conferência de Imprensa em Itália… em castelhano. Por julgar que os italianos o entenderiam mais facilmente em castelhano do que em português? Porque, se calhar – depois de dez anos em Barcelona e em Madrid –, ele já nos dá como uma mera e consumada província de Espanha? Chocante, de qualquer modo – vindo, ainda por cima, de quem tem feito de Portugal e da selecção nacional trampolim permanente para os seus negócios e chorudos encaixes publicitários. Mas não será ainda mais chocante a subserviente promoção que os "media" portugueses lhe fazem, há anos a fio? Alguém imagina algo de semelhante em Itália, ou em França, ou, até, em Espanha, com uma qualquer das suas "estrelas" do futebol (e não só), em estilo Figo?