O humorista faz 'stand-up comedy', rádio, televisão, teatro e o que mais aparecer. A partir de amanhã estará em 'A Cidade'.
Sim, Bruno Nogueira, aquele humorista que ficou famoso por, numa gala da SIC, se referir a Francisco Balsemão como "o homem do bolo", aquele que o país inteiro conhece como um dos "controladores de panisgas" da série Contemporâneos, sim, esse Bruno Nogueira entra num espectáculo da Cornucópia. Mas ainda não é desta que o veremos num papel "sério". A Cidade , o espectáculo encenado por Luís Miguel Cintra que se estreia amanhã, no Teatro São Luiz, em Lisboa, é uma comédia hilariante que reúne uma série de textos de Aristófanes tão atuais quanto mordazes.
"Independentemente de ser comédia ou drama, o que eu faço é sempre à séria", defende-se Bruno, que, no entanto, reconhece: "É a primeira vez que tenho oportunidade de trabalhar com a Cornucópia, que é uma companhia que eu respeito muito, e tem sido uma experiência diferente". O espectáculo junta "a companhia habitual com actores não cornucopianos" e se, ao princípio, Bruno se pode ter sentido um bocadinho "peixe fora de água" rapidamente se adaptou ao método de Luís Miguel Cintra, "com uma grande preocupação dramatúrgica". "Há actores muito diferentes mas todos temos o mesmo fim, que é representar. Aprendi, com as várias pessoas com quem trabalhei, a ir buscar as ferramentas que preciso para cada trabalho."
Fica bem a um humorista – no caso, Bruno Nogueira – que leve tudo a preceito na sua profissão. Quanto ao tropeção naquele "à séria" – dele e da jornalista que o entrevistou no "Diário de Notícias", de 13 de Janeiro de 2010 –, nem a brincar...
Esta é, afinal, mais uma ilustração de uma moda que se instalou em Portugal, e da qual se usa e abusa, independentemente do seu contexto. É que não é a mesma coisa utilizar uma determinada expressão entre amigos, ou na comunicação social.
Parece ter-se perdido, afinal, a noção de que "à séria" é de uso familiar – é também um modismo associado a um certo estatuto social –, que não pode substituir-se à locução adverbial a sério, a que sempre se usou na nossa língua.