Já muito se tem insistido aqui a propósito de um erro, recorrente em cada Natal que passa, o plural de Pai Natal, a personagem imaginária que descia pela chaminé durante a noite de Natal para colocar os presentes nos sapatos das crianças — como fazia também, aliás, o Menino Jesus dos Natais da minha infância…
As tradições vão ficando mais esbatidas no tempo, as rotundas figuras vestidas de vermelho e com barbas brancas vão tomando cada vez mais peso nesta época natalícia: são os pais natais.
O termo natal, na expressão pai natal, é sinónimo de natalício. É um adjectivo e, como tal, deverá ir para o plural: pais natais e não, como se ouve com frequência nesta época, "pais Natal".
Não se trata de um nome composto que leve hífen, como se pode verificar consultando qualquer dos principais dicionários portugueses. Por exemplo, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, distingue entre Pai Natal com maiúscula, quando se refere à «figura representada por um velho de barbas brancas, vestido de vermelho, com origem na lenda de S. Nicolau», e pai natal com minúsculas, quando se trata da «pessoa vestida de Pai Natal» — em qualquer dos casos, sem hífen. Mais ternurentos, preferem os nossos irmãos brasileiros o termo Papai Noel. Curiosamente, usam também os termos papai-noel e papais-noéis para designar o(s) presente(s) de Natal.
Não se compreende o modismo "pais Natal". Porquê, então, persistir no erro?