É conhecida a apetência especial do ex-Presidente português, Mário Soares, em falar francês com pronúncia portuguesa. Por exemplo, Mitterrand ("mon ami Mitterrand"), ele diz sempre: "Mitterand", como se Mitterrand se escrevesse só com um r e mal tocando no r. É uma opção, um estilo, uma marca distintiva que só fica bem a um lusófono ainda com responsabilidades públicas.
Choca, por isso, só por isso, vê-lo dar assim o dito pelo não dito na inversa, isto é, quando trata de pronunciar à francesa palavras bem portuguesas. «Zaíre», por que carga de água «Zaíre», se Zaire, o rio (e, depois, o país) antes de ser dito «Zaíre» durante a colonização belga, já era conhecido por Zaire, pelos portugueses?!
Claro que uma "gaffe" destas é uma ninharia num francófono por adopção cultural. Pelo menos, se comparada com os recentes e televisivamente tão tonitruantes «ha-dem» do ministro Jorge Coelho e «se não houvessem razões» do eurodeputado António Capucho...— mas... que soa mal, lá isso soa, dr. Mário Soares!