15 de Janeiro de 1997-15 de Janeiro de 2005. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa entra no seu oitavo ano de vida. Vida que não tem sido nada fácil, dados os escassos apoios dos poderes instituídos, públicos e privados. Mas desde a primeira hora contou sempre com o entusiasmo e a dedicação dos seus fundadores, os jornalistas João Carreira Bom, entretanto falecido, e José Mário Costa, e dos nossos generosos consultores e colaboradores.
Ao longo destes anos, acumulámos uma massa considerável de conteúdos sobre a Língua Portuguesa que ultrapassa, já, os 15 mil textos. Sempre pautámos o nosso comportamento pelo rigor e pela total abertura às múltiplas perspectivas de análise sobre o nosso idioma comum de oito povos, acolhendo, sempre, a crítica e o reconhecimento dos nossos próprios erros.
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa cruza os mais diversificados públicos e fronteiras: das perguntas mais elementares até às necessidades e às preocupações mais elaboradas, como, por exemplo, do núcleo de tradutores de português da União Europeia ou dos muitos Leitorados de Português existentes em universidades estrangeiras; de profissionais tão diferentes como médicos, advogados, professores, jornalistas, informáticos e alunos dos mais diversos graus de ensino. E liga, divulgando e promovendo os livros em português, a língua com a literatura, assumindo-se neste campo, também, como instrumento de valor estratégico evidente.
Compreender a Língua Portuguesa na sua multiplicidade de análises e compreender que, por circunstâncias históricas, a partir do século XV, a nossa língua se disseminou «pelas quatro partidas do mundo», difundida por marinheiros, mercadores e missionários. Do Brasil a Macau. Do litoral das costas africanas à Índia e a Timor. Compreender que a Língua Portuguesa é pertença de todos os seus falantes.
Somos um autêntico serviço público em prol da Língua Portuguesa, como não há outros nestes moldes em todo o espaço da lusofonia. A verdade é que, a despeito de alguns apoios pontuais - dos quais cumpre realçar, e agradecer, os que recebemos do ex-ministro da Cultura Pedro Roseta, da Fundação Calouste Gulbenkian (para a organização temática de todo o arquivo acumulado nestes já oito anos) e da Universidade Lusófona (em cujas instalações em Lisboa o Ciberdúvidas funciona) -, o Ciberdúvidas continua a arrostar com a indiferença das entidades oficiais, e não só de Portugal, com responsabilidades acrescidas na promoção e na difusão da Língua Portuguesa.
Por isso, e no presente cenário de crise agravada em Portugal, é com muita preocupação que encaramos a sobrevivência deste projecto que nos envolve a todos há oito anos.