Os professores que irão ensinar português em países da América Latina precisam de formação específica para o fazer. Brasil e Portugal (neste caso, via Instituto Camões) acordaram em compartilhar essa tarefa, compromisso assumido no âmbito do Programa Acção Lisboa, discutido na XIX Conferência Ibero-Americana.
Os alunos não lusófonos, a viver em países não lusófonos, que queiram aprender português, têm de escolher entre aprender a variante do português europeu ou a do português do Brasil. As diferenças são não só fonéticas, mas também sintácticas, ortográficas (sim, mesmo com o novo acordo) e lexicais. No que a este campo diz respeito, há a assinalar, no português do Brasil, as palavras de origem tupi (capim, jacarandá, mandioca, arara, jacaré, jenipapo, tapioca, tucano, cururu, arapuca, mingau, iara, pororoca, tocaia, cuíca, etc.) e as palavras de origem africana (bagunça, berimbau, bunda, cacimba, caçula, cafuné, cochilar, jagunço, marimba, moleque, quilombo, quitanda, samba, senzala, tanga, xingar, zumbi, etc.). Mas também diferenças lexicais mais prosaicas, como rádio-despertador/rádio-relógio...
É certo que o português europeu já sofreu influência do português do Brasil, mas a homogeneização é impossível.
Língua e pátria são uma e mesma entidade? A frase emblemática de Fernando Pessoa é pano de fundo dessa assunção. No entanto, não foi só Pessoa que evidenciou a estreita relação língua-identidade nacional. Também Eça de Queirós (aqui invocado pelo cronista brasileiro Dante Mendonça) o fez: «Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade; e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da Europa vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização.»
Há, porém, quem não concorde com tal assunção — sobretudo quem elegeu Portugal como segunda pátria de primeira escolha, como Richard Zimler.
Tema do programa Língua de Todos (RDP África, 13h15*): Porque é que, com o Acordo Ortográfico, não foi abolida a dupla grafia na língua portuguesa? A resposta da linguista Margarita Correia.
*Hora de Portugal continental.