Eleito e elegido em contexto das eleições à presidência da República, as maiúsculas em «Presidente da República» e o Dia Internacional contra a Corrupção
1. Em altura de debates com vista à eleição do próximo Presidente da República, surge novamente a dúvida relacionada com a seleção da forma correta do particípio passado: eleito ou elegido? Esta questão foi inclusive colocada em direto no programa televisivo Isto é gozar com quem trabalha, no decurso da entrevista de Ricardo Araújo Pereira a António Filipe, candidato à presidência da República.
A hesitação e as incorreções em torno da seleção do particípio passado adequado coloca-se frequentemente aquando do uso dos chamados verbos abundantes, ou seja, aqueles que possuem duas formas para o particípio passado: a regular, normalmente terminada em -ado, -ido ou -udo (elegido, no caso do verbo eleger); a irregular, uma forma forma abreviada (eleito, no caso em apreço).
(i) usa-se a forma regular quando o particípio tem estatuto verbal, ou seja, nos tempos compostos, com os auxiliares ter e haver: «ter elegido alguém», «haver elegido alguém»;
(ii) usa-se a forma curta com os auxiliares ser e estar, ou seja, na frase passiva e nas orações copulativas: «Ele foi eleito pelos votantes», «Ele está eleito para presidente», «Ele é eleito hoje»;
(iii) a forma curta usa-se também quando o particípio funciona como um adjetivo desempenhando a função de modificador do nome: «o presidente eleito».
Note-se que, no caso das frases com verbo copulativo estar, só se usa a forma abreviada do particípio quando o verbo é télico, ou seja, quando representa uma situação que tem um fim intrínseco.
2. Neste contexto de eleições, recordemos ainda que está consagrada a adoção de maiúsculas na expressão «Presidente da República» quando usada para designar o cargo. Quando o nome presidente se junta a um nome próprio, a adoção da maiúscula é opcional podendo preferir-se por uma questão de deferência: «o presidente Marcelo» ou «o Presidente Marcelo».
3. Dia 9 de dezembro assinala-se o Dia Internacional Contra a Corrupção, uma data que tem como objetivo consciencializar para as consequências desse crime e promover o seu combate. A palavra corrupção deriva da forma latina corruptĭo, ōnis e, no século XIV, significava «ato de se tornar podre, dissolução, decadência», referindo-se especialmente a coisas materiais e, em particular, a corpos em decomposição. Por extensão, também era usada para referir a corrupção da alma e da moral, significando «contaminação espiritual, depravação, maldade». É no século XV que encontramos a palavra a ser usado em contexto político para descrever um «suborno ou outra influência corruptora» (Cf. Online Etymology Dictionary).
